Em meio às crescentes tensões comerciais entre Estados Unidos e China, o Brasil pode emergir como um dos principais beneficiados, segundo análise do BTG Pactual. A avaliação foi divulgada nesta sexta-feira (4), logo após a China anunciar tarifas de 34% sobre produtos norte-americanos, em retaliação às medidas impostas pelo governo de Donald Trump.
Um cenário de ganhos relativos para o Brasil
De acordo com o BTG, o Brasil pode obter vantagens estratégicas neste novo cenário global por três fatores principais:
1. Tarifas mais brandas para o Brasil
O país foi menos impactado pelas novas tarifas norte-americanas. Enquanto outras nações enfrentam aumentos mais severos, os produtos brasileiros sofreram apenas um acréscimo de 10%, abaixo do esperado por analistas.
“Alguns segmentos nacionais podem se tornar mais competitivos e até ampliar sua presença no mercado americano”, destacam os analistas Iana Ferrão e Pedro Oliveira.
2. Espaço deixado pelos EUA nas exportações
Com os EUA sendo alvo de retaliações, países como a China tendem a buscar novos parceiros comerciais. Isso abre espaço para que commodities brasileiras — agrícolas e metálicas — ganhem participação em mercados-chave.
3. Competitividade em setores estratégicos
Em setores como grãos e etanol, o Brasil concorre diretamente com os Estados Unidos. A redução da competitividade norte-americana pode impulsionar a demanda global por produtos brasileiros. O BTG estima, inclusive, que isso possa resultar em preços negociados com prêmios sobre os valores internacionais.
Etanol, grãos e commodities: Impactos diretos
- O etanol brasileiro, hoje com tarifa de 2% nos EUA, pode ser impactado por um aumento para 12%. No entanto, os EUA já não são o principal destino: atualmente, Coreia do Sul lidera as importações do produto.
- As exportações brasileiras de grãos também podem ganhar força, já que EUA e Brasil disputam o mesmo mercado global.
Riscos não devem ser ignorados
Apesar das oportunidades, o BTG alerta para os riscos de uma desaceleração econômica global. Se confirmada, essa retração pode afetar a demanda internacional por commodities — especialmente na China, maior parceira comercial do Brasil.
A análise é corroborada por relatório da XP Investimentos, que vê risco para setores como papel e celulose, siderurgia, mineração e bens de capital, diante de um eventual esfriamento da economia mundial.
O cenário de guerra comercial entre as maiores potências do mundo pode, paradoxalmente, abrir oportunidades estratégicas para o Brasil no comércio internacional. No entanto, o país precisa manter atenção aos desdobramentos econômicos globais e agir com inteligência para consolidar os possíveis ganhos.

Fonte: Redação