A recente decisão do governo brasileiro de conceder asilo diplomático à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, condenada por corrupção e lavagem de dinheiro, levantou uma série de questionamentos no cenário político e geopolítico. Mais do que uma simples medida humanitária, a atitude traz implicações sérias para a imagem do Brasil na arena internacional e desafia princípios diplomáticos tradicionais.
Num ambiente contaminado e polarizado como o atual, no Brasil e no mundo, tanto Lula quanto o ministro do STF, Alexandre de Moraes têm de ter cuidado para preservar o principal: a democracia e a credibilidade das instituições.
Além de o governo mandar avião da FAB buscar no Peru uma ex-primeira-dama condenada por corrupção, o STF cobra reciprocidade e nega a extradição para a Espanha de um búlgaro condenado por tráfico de drogas no país. Mas o que incomoda mais é que Lula precisava, mesmo, enviar um avião da FAB, pago com dinheiro público, para trazê-la de Lima a Brasília?

O contexto do caso
Nadine Heredia foi condenada a 15 anos de prisão por seu envolvimento em escândalos de corrupção que envolvem recursos ilícitos oriundos da Odebrecht e do governo venezuelano. Sua entrada no país gerou críticas internas e pedidos de investigação por parte da oposição. Lula atraiu chuvas e trovoadas em plena frente já fria.
Impactos políticos e financeiros
Internamente, o episódio provocou forte reação da oposição, que questiona o uso de recursos públicos e os critérios técnicos para a concessão do asilo. Já no campo internacional, o ato pode prejudicar as relações bilaterais com o Peru, especialmente por envolver uma pessoa condenada judicialmente. O Brasil pode ser percebido como um país que protege aliados políticos, em vez de respeitar decisões soberanas e judiciais de seus vizinhos.
Financeiramente, os custos operacionais com transporte e eventual suporte logístico à asilada geram despesas públicas questionadas por órgãos de controle e pela sociedade civil.
O padrão internacional: Como outros países agem
Estados Unidos
Os EUA mantêm critérios rigorosos para concessão de asilo e geralmente não protegem pessoas com condenações por crimes comuns. Exemplo: Ricardo Martinelli, ex-presidente do Panamá, foi extraditado para seu país após pedido formal da justiça panamenha.
Equador
O caso de Julian Assange é emblemático. O país concedeu asilo alegando perseguição política, mas o custo diplomático foi alto. Com a mudança de governo, o asilo foi revogado e Assange entregue às autoridades britânicas.
México
Com uma tradição humanitária, o México concedeu asilo a Evo Morales em 2019, sob justificativa de risco à integridade física. Importante destacar: não havia condenação judicial, apenas crise política.
Considerações Geopolíticas
As decisões brasileiras recentes, como o caso Nadine Heredia, somam-se a uma postura externa que tem gerado desconfiança em relação ao alinhamento ideológico do país. Ao conceder abrigo a figuras envolvidas em escândalos, o Brasil compromete sua imagem de neutralidade e respeito à justiça. Além disso, pode perder credibilidade como mediador e líder regional.

Conclusão
A concessão de asilo a Nadine Heredia coloca o Brasil em uma posição delicada no cenário internacional. Embora juridicamente amparada pela Convenção sobre Asilo Diplomático, a decisão é politicamente sensível e pode ter consequências duradouras. O país deve refletir se está disposto a pagar o preço de suas escolhas diplomáticas, tanto em reputação quanto em influência.
Fonte: Redação/Cientistas Políticos