Investidores reagem a cenário global incerto, com juros nos EUA, tensão na China e queda no preço do petróleo e minério de ferro
O mercado financeiro iniciou o mês de julho sob forte clima de cautela. A valorização do dólar frente ao real, somada à queda nos preços de commodities como petróleo e minério de ferro, acendeu o sinal de alerta entre investidores e operadores da bolsa.
Na manhã desta quinta-feira (3), o dólar operava em alta, acima de R$ 5,65, refletindo o fortalecimento da moeda norte-americana no cenário internacional e a busca por proteção em ativos considerados mais seguros. O movimento tem sido impulsionado pelas expectativas em torno de uma possível manutenção dos juros elevados nos Estados Unidos, o que afasta o apetite por risco em países emergentes como o Brasil.
No campo das commodities, os preços do petróleo tipo Brent recuaram abaixo dos US$ 82 por barril, afetados por dados fracos da indústria chinesa e temores de desaceleração global. O minério de ferro, por sua vez, acumula desvalorização de mais de 6% nos últimos dias, pressionando as ações de empresas do setor e impactando diretamente o desempenho do Ibovespa.
A Bolsa brasileira registra oscilações frequentes, com queda em papéis ligados ao setor de commodities e ao varejo, este último também impactado pela perspectiva de juros ainda elevados no Brasil. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta semana, reforçou o tom conservador do Banco Central, afastando a possibilidade de cortes na Selic no curto prazo.
Especialistas apontam que o ambiente de incertezas exige uma postura mais defensiva por parte dos investidores. “Estamos num momento em que o investidor precisa calibrar bem sua exposição ao risco. A volatilidade externa está elevada, e o cenário doméstico também pede atenção”, afirma Paulo Leme, economista e ex-diretor do Goldman Sachs.
Com o mercado global pressionado e o investidor local mais seletivo, a tendência é de manutenção da volatilidade ao longo das próximas semanas.

Projeções e radar do mercado
- Fed e Copom: o mercado segue atento ao discurso do Fed e à ata do Copom, com o BC enfatizando cautela sobre cortes na Selic, o que mantém o cenário de juros ainda altos no Brasil.
- OPEC+: potencial nova elevação de produção em agosto pode manter a pressão sobre o petróleo, reduzindo o apetite por ativos mais arriscados.
- China em evidência: os dados industriais impactam tanto petróleo quanto minério de ferro — a retomada ou contração da economia chinesa molda as próximas tendências.
Fonte: JHC/wise.com/reuters