Especialista aponta como a IA está transformando o setor financeiro, exige mudança de mentalidade e cria um novo paradigma profissional
Ao longo das últimas semanas, acompanhamos entrevistas e participações de Ian Beacraft em diversos veículos e fóruns internacionais, entre eles, o AI Today Podcast (EUA), o evento Sphere23 promovido pela Thoughtworks, painéis no SXSW e discussões transmitidas pelo LinkedIn Live e YouTube. Também consultamos reportagens de referência em portais como Reuters, Forbes, MIT Technology Review e o programa The Edge of Excellence.
Com base nessas fontes, compilamos os principais pontos, reflexões e frases de impacto que ajudam a compreender o papel transformador da inteligência artificial na economia, nos investimentos e nas relações de trabalho. O conteúdo a seguir faz parte de uma série editorial assinada por mim, com linguagem acessível, abordagem estratégica e foco no futuro do trabalho e da cultura digital.
A inteligência artificial está deixando de ser apenas uma ferramenta inovadora para se tornar o pilar central de um novo ciclo econômico. Mais de dois anos após o lançamento do ChatGPT, empresas, governos e profissionais enfrentam um ponto de virada. A IA não é mais apenas um copiloto, ela está redesenhando as rotas, os mapas e o próprio conceito de trabalho.
Segundo o especialista Ian Beacraft, fundador da consultoria Signal and Cipher, o impacto será comparável ao da revolução digital, mas em ritmo acelerado. “Essa mudança vai acontecer em cinco a sete anos, e a forma como trabalhamos será irreconhecível”, afirmou em entrevista ao portal Bora Investir.

IA no mercado financeiro: de preditiva a generativa
No setor financeiro, o uso de IA está passando de análises baseadas em dados históricos para a criação de soluções em tempo real. Isso inclui carteiras automatizadas, algoritmos que reagem ao mercado em segundos e sistemas capazes de gerar produtos customizados instantaneamente.
“A IA vai permitir a criação de produtos em tempo real, ajustados ao perfil de cada consumidor, com o uso combinado de blockchain, contratos inteligentes e automação regulatória”, afirma Beacraft.
Redesenhar o trabalho, não apenas digitalizar
Empresas que adotam IA sem reavaliar seus processos cometem um erro clássico, aplicam soluções novas a problemas velhos. Para Beacraft, é necessário repensar desde o propósito do trabalho até sua execução, e só então aplicar ferramentas de IA.
O desafio está menos na tecnologia e mais na mentalidade. Profissionais precisam compreender o que realmente fazem, por que fazem e como podem fazer melhor. Só então a IA deixa de ser apenas um recurso auxiliar e passa a ser um vetor de inovação real.
Custo, capacitação e infraestrutura ainda são barreiras
Apesar do avanço acelerado, a democratização da IA ainda enfrenta obstáculos. O custo de licenciamento, a falta de infraestrutura e a carência de formação especializada impedem muitas empresas de adotarem a tecnologia com eficiência.
Segundo Beacraft, o caminho é utilizar APIs abertas e formar equipes multidisciplinares com foco na solução de problemas reais, mesmo que sem conhecimento técnico profundo. “Já é possível criar soluções com IA de forma acessível. O que falta é cultura e orientação”, alerta.
Regulação será diferencial competitivo
Setores historicamente regulados, como finanças e saúde, podem sair na frente na era da IA. Isso porque as novas ferramentas também precisarão obedecer a normas, e quem já opera sob regulação tem maior capacidade de adaptação. “Empresas que lidam com compliance diariamente estarão mais preparadas para lidar com a regulamentação da própria IA”, declarou Beacraft.
A revolução da inteligência artificial já começou, e os blocos de construção do novo mercado estão sendo montados agora. Profissionais e empresas que desejam permanecer relevantes precisarão adotar não só novas ferramentas, mas principalmente novas formas de pensar o trabalho, os investimentos e o futuro.
Por Hosa Freitas
Jornalista, consultora e especialista em comunicação institucional. Atua há mais de 35 anos com posicionamento de marca, mídia espontânea e estratégias de reputação.