Tendências da semana: inflação, shutdown e política fiscal dominam o foco dos mercados

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Expectativa pelo IPCA de setembro, pela ata do Federal Reserve e pela votação da MP do IOF deve determinar o humor dos investidores nos próximos dias.

Tendências da Semana – 6 a 10 de outubro de 2025

Os mercados iniciam a segunda semana de outubro sob influência direta de três temas centrais: o prolongamento do shutdown nos Estados Unidos, a divulgação do IPCA de setembro no Brasil e a tramitação da MP que substitui o aumento do IOF, fundamental para garantir equilíbrio fiscal em 2025.

Apesar da resiliência recente das bolsas internacionais, os desdobramentos políticos e fiscais nas duas maiores economias das Américas tendem a definir o tom dos negócios nos próximos dias.

1. Política fiscal e inflação no Brasil

No cenário doméstico, a aprovação da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda reacendeu preocupações sobre a sustentabilidade fiscal. Embora o impacto imediato seja limitado, o conjunto de medidas com apelo eleitoral vem elevando a percepção de risco entre investidores.

A MP que cria alternativas ao aumento do IOF, responsável por aproximadamente R$ 20 bilhões em receitas orçamentárias, precisa ser votada até quarta-feira (9) para não caducar. Caso expire, o governo terá de buscar novas fontes de compensação para evitar um rombo adicional nas contas públicas.

O mercado também acompanha a expectativa pela divulgação do IPCA de setembro, marcada para a quinta-feira (10). Após a deflação de 0,11% em agosto, a projeção é de aceleração entre 0,35% e 0,40%, impulsionada pelo fim do bônus de Itaipu nas tarifas de energia elétrica e pela pressão de alimentos e combustíveis.

Mesmo com essa alta pontual, o consenso entre analistas indica inflação encerrando o ano abaixo de 5%, em trajetória de convergência, o que tende a manter a Selic em 10,50% até o fim de 2025.

2. Shutdown americano e política monetária do Fed

Nos Estados Unidos, o prolongamento do shutdown do governo federal entra na terceira semana sem perspectiva de solução. O impasse entre republicanos e democratas mantém paralisadas agências federais e suspende a divulgação de indicadores-chave, como o relatório de emprego (payroll), prejudicando a leitura da atividade econômica.

Mesmo assim, o mercado mantém otimismo. O S&P 500 acumula seis altas consecutivas e caminha para o maior ganho semanal desde maio, sustentado pela expectativa de que o Federal Reserve reduza os juros em 25 pontos-base na reunião deste mês probabilidade de 95%, segundo a ferramenta FedWatch da CME.

A semana será decisiva nesse front. A ata do FOMC, que será publicada na quarta-feira (8), pode indicar se o corte de juros será o último do ciclo ou se há espaço para novas reduções em dezembro. Já na sexta-feira (10), a pesquisa de Sentimento do Consumidor da Universidade de Michigan trará novos sinais sobre a percepção de inflação e renda das famílias americanas.

3. Cenário global: petróleo, Japão e volatilidade política na Europa

No mercado internacional, o petróleo tipo Brent sobe cerca de 1,5%, após a Opep+ confirmar o aumento de 137 mil barris diários a partir de novembro, em linha com as expectativas. O movimento sugere maior confiança na demanda global, mas também pressiona a inflação de curto prazo.

Na Ásia, os mercados chineses seguem fechados pela Golden Week, mas o destaque vem do Japão, onde a vitória de Sanae Takaichi na liderança do partido governista impulsionou o Nikkei 225 em quase 5%, sinalizando apoio a políticas pró-estímulo. A desvalorização do iene e o aumento dos rendimentos dos títulos de longo prazo indicam aposta em expansão fiscal e manutenção da política monetária acomodatícia.

Na Europa, o clima é mais cauteloso após a renúncia do primeiro-ministro francês Sébastien Lecornu, o que ampliou as incertezas sobre a estabilidade política do governo Macron. A reação imediata foi de queda dos principais índices e alta nos spreads de crédito soberano francês.

Síntese da semana

A combinação entre pressões fiscais no Brasil, incertezas políticas nos EUA e mudanças de liderança na Ásia e na Europa compõe um ambiente de cautela. Embora o apetite por risco siga sustentado por expectativas de corte de juros globais, o cenário continua frágil e sensível a ruídos políticos.

Em resumo, a semana tende a ser guiada por três vetores:

Reprecificação global de risco conforme dados e discursos oficiais.

Inflação e política fiscal no Brasil;

Definições de política monetária nos EUA;

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