Shutdown americano, isenção brasileira: quem paga essa conta?

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Mercado ignora ruídos políticos e se apoia em juros menores e corrida da inteligência artificial

O mercado financeiro fechou a semana num equilíbrio delicado: de um lado, a paralisação do governo americano priva investidores de dados cruciais; do outro, a expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve e a euforia com a inteligência artificial mantêm as bolsas em alta. No Brasil, a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda reforça o capital político do governo, mas levanta dúvidas sobre quem arcará com a renúncia fiscal de quase R$ 26 bilhões anuais.

Nos Estados Unidos, o shutdown segue sem solução, deixando em suspenso a divulgação do payroll, principal indicador do mercado de trabalho. Em compensação, a pesquisa da ADP apontou corte de 30 mil vagas no setor privado, o que paradoxalmente animou investidores ao reforçar a probabilidade de novos cortes de juros. Hoje, a chance de redução em outubro já está precificada em 99%, com quase 90% de probabilidade de nova baixa em dezembro. O Nasdaq renovou recordes, impulsionado pelo setor de tecnologia, sobretudo após a OpenAI ser avaliada em US$ 500 bilhões em venda secundária de ações.

Na Europa, os índices acompanham o tom positivo, enquanto o debate avança para uma possível emissão conjunta de dívida para financiar o aumento de gastos em defesa. Na Ásia, o destaque ficou para Samsung e SK Hynix, após acordos de fornecimento de chips para a OpenAI. A China segue em feriado pela Golden Week.

No Brasil, o Ibovespa oscilou ao longo da semana, pressionado pela queda do petróleo e pela incerteza sobre as medidas de compensação da isenção do IR. O texto aprovado por unanimidade na Câmara amplia a faixa livre de imposto para salários de até R$ 5 mil e cria taxações adicionais para altas rendas e dividendos remetidos ao exterior. A medida cumpre promessa de campanha e fortalece o governo Lula no curto prazo, mas levanta receio de que, se o Senado suavizar os dispositivos de compensação, bancos e setores de crédito possam “pagar a conta”.

O dólar recuou frente ao real e fechou a semana pressionado por fluxos externos, enquanto ativos defensivos como ouro e prata ganharam protagonismo no cenário global.

3 riscos que seguem no radar

  1. Shutdown nos EUA
    Cada semana de paralisação pode reduzir o PIB americano em até 0,2 ponto percentual. Se o impasse se prolongar, o impacto no mercado de trabalho será inevitável.
  2. Petróleo barato
    O barril do Brent voltou a negociar abaixo de US$ 65. Bom para controlar inflação, ruim para Petrobras e para a bolsa brasileira, que segue atrelada ao desempenho da estatal.
  3. Isenção do IR
    A vitória política do governo pode se transformar em dor de cabeça fiscal, caso as compensações sejam desidratadas no Senado. O risco é o mercado precificar nova pressão sobre bancos e consumo.

Agenda do dia

  • 9h: IBGE publica produção industrial de agosto
  • 10h45: EUA divulgam PMI composto final de setembro
  • 11h: EUA publicam PMI de serviços final de setembro
  • 14h40: Philip Jefferson (Fed) discursa no Fórum Econômico de Drexel

Cotações – 7h24

  • Futuros S&P 500: +0,29%
  • Futuros Nasdaq: +0,32%
  • Futuros Dow Jones: +0,27%
  • Euro Stoxx 50: +0,22%
  • Londres (FTSE 100): +0,64%
  • Frankfurt (Dax): +0,11%
  • Paris (CAC 40): +0,25%
  • Tóquio (Nikkei): +1,85%
  • Hong Kong (Hang Seng): -0,54%
  • Brent: US$ 64,52 (+0,64%)

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Fonte: Ibovespa/Reuters/InfoMoney

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