Mercado revisa inflação para baixo, mas Selic segue imexível

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Boletim Focus mostra recuo em projeções para o IPCA e para o câmbio, enquanto economistas permanecem cautelosos quanto a cortes de juros ainda neste ano.

Nesta segunda-feira (13), o Banco Central divulgou o boletim Focus, provocando ajustes nas expectativas macroeconômicas para 2025–2028. Embora alguns números indiquem melhora no cenário inflacionário, a rigidez da política monetária permanece como ponto de atenção para investidores.

A mediana das projeções para o IPCA em 2025 foi revisada de 4,80% para 4,72%, sinalizando ligeira confiança frente aos dados de setembro.
Para 2026, a expectativa permaneceu em 4,28%, e para 2027, em 3,90%, com leve ajuste para 2028: 3,68%.

No campo do PIB, a previsão para 2025 seguiu em 2,16% estabilidade que mostra a cautela com o crescimento diante do ambiente externo e doméstico.
Para 2026, o mercado mantém projeção de 1,80%, enquanto em 2027 a estimativa caiu de 1,90% para 1,83%.

A taxa Selic permanece firme em 15,00% para 2025, sendo essa a 16ª semana consecutiva com manutenção. Para 2026 e 2027, as expectativas também foram mantidas em 12,25% e 10,50%, respectivamente, com 2028 projetado em 10,00%.

No quesito câmbio, a projeção para o dólar em 2025 permaneceu em R$ 5,45. Para 2026, a estimativa recuou de R$ 5,53 para R$ 5,50; em 2027, de R$ 5,56 para R$ 5,51; e em 2028 permaneceu em R$ 5,56.

Análise e implicações

  1. Alívio inflacionário discreto
    A leve redução na projeção do IPCA 2025 sugere que o mercado enxergou influência positiva nos dados recentes, possivelmente nos preços administrados ou nos efeitos defasados de variações cambiais.
    Porém, ainda falta confirmação em inflação de serviços que historicamente exige maior ajuste de política monetária.
  2. Cenário de juros firmes
    Com a Selic estacionada em 15% por semanas, o mercado indica que cortes só virão quando houver base firme de que a inflação caminha para convergência sustentável à meta.
    A persistência de índices de preços elevados, combinada com dados de demanda resiliente, complica uma flexibilização precoce.
  3. Câmbio “sob controle” nas expectativas
    A estabilização da estimativa do dólar reforça a percepção de que agentes acreditam que o real resistirá à volatilidade, ao menos até que novos choques apareçam, embora riscos externos e fluxos globais continuem ativos.
  4. Crescimento moderado no radar
    A manutenção da previsão de PIB para 2025 mostra que o otimismo foi contido. A queda projetada para 2027 sugere que o mercado já precifica desaceleração mais forte a médio prazo, especialmente se o ambiente externo apertar.

Por Hosa Freitas
Jornalista, consultora e especialista em comunicação institucional.

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