Por Hosa Freitas e Merlí B. Martin
Captação recorde de empresas em 2025 mostra que o Brasil mantém vitalidade econômica mesmo diante do risco eleitoral e da instabilidade política.
O Brasil vive um paradoxo conhecido: a política caminha em ritmo turbulento, mas a economia insiste em seguir. O exemplo mais recente vem dos dados de captação de empresas, que em 2025 já superaram em quase 30% todo o volume de 2024.
Esse número não é apenas estatística. Ele revela um traço da realidade brasileira: apesar da instabilidade institucional e do risco eleitoral, o capital encontra espaço para investir no país. Em outras palavras, o Brasil vai bem “apesar do governo”, frase antiga, repetida por políticos e analistas, mas que nunca deixou de ser atual.
Do ponto de vista econômico, a mensagem é clara: investidores seguem vendo oportunidades de retorno no Brasil, mesmo em um ambiente marcado por juros altos, conflitos políticos e incertezas fiscais. Isso se traduz em um fluxo de recursos que financia empresas, amplia projetos e gera empregos.
Do ponto de vista social, é a reafirmação de que a sociedade civil e o setor produtivo possuem força própria. O país não se limita às disputas partidárias; ele se move pelo trabalho das empresas, dos trabalhadores e dos consumidores.
Há também uma leitura filosófica: o Brasil é um organismo que resiste à paralisia política. Tal qual dizia Darcy Ribeiro, somos um povo que “não desiste nunca”, mas mais que isso, somos uma economia que não aceita parar.
Ainda assim, não convém romantizar. A resiliência do mercado não elimina os riscos. Eleições trazem incertezas, políticas econômicas mal calibradas podem corroer conquistas e o cenário externo, de guerra comercial a crises cambiais, pode inverter tendências rapidamente.
A lição, no entanto, é clara, há mais Brasil que governo. O desafio é transformar essa força econômica em estabilidade de longo prazo, com instituições sólidas e políticas públicas que dialoguem com o dinamismo da sociedade.
O dado da captação recorde é apenas um sinal, mas carrega um recado poderoso. O Brasil continua sendo um país de oportunidades. A economia se adapta, o mercado encontra saídas, a sociedade avança. Cabe à política decidir se será parceira desse movimento ou apenas mais um obstáculo a ser superado.

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