Técnicas criativas, de baixo custo e alto impacto podem ser a virada de chave para pequenos negócios na gastronomia
Em um mercado onde a concorrência cresce mais rápido que a conta de luz, bares e restaurantes precisam ir além da boa comida. É aqui que entra o marketing de guerrilha, uma abordagem criativa, ousada e econômica para atrair olhares, viralizar experiências e fidelizar o freguês.
Inspirada em estratégias de combate ágil e não convencional, essa linha do marketing aposta em ações impactantes com baixo custo, explorando espaços públicos, redes sociais e o fator surpresa. É quase uma arte de fazer barulho sem grana, mas com propósito.
Por que usar marketing de guerrilha no setor de alimentação?
Porque ele é feito sob medida para quem precisa aparecer gastando pouco. Donos de bares, cafés e restaurantes enfrentam margens apertadas e um público cada vez mais disperso entre as telas e os apps de delivery. Para conquistar o cliente, não basta anunciar, é preciso emocionar, surpreender, marcar presença.
Além disso, as ações de guerrilha geram engajamento orgânico, mídia espontânea e boca a boca. Tudo isso com orçamento enxuto, o que faz diferença enorme, especialmente para negócios locais ou recém-abertos.
Ideias práticas e reais para inspirar
- Ação de rua com mascotes ou personagens locais
Um bar de cervejas artesanais pode colocar um “mestre-cervejeiro” andando pelas ruas distribuindo amostras, panfletos criativos ou brindes temáticos. O objetivo? Viralizar a experiência nas redes — e levar gente pro balcão. - Intervenções no ponto de venda
Um restaurante pode decorar mesas na calçada com temáticas inusitadas (como “mesa do amor não correspondido” ou “mesa da fofoca em dia”) e convidar clientes a postar com hashtags exclusivas. É humor com propósito. - Campanhas-relâmpago em dias de baixa movimentação
“Hoje quem vier de chinelo ganha uma caipirinha.” Ação simples, divertida e eficaz. Ativa o desejo de participar e transforma uma terça-feira comum em algo digno de história. - Colaboração com artistas locais ou influencers de nicho
Em vez de pagar caro para grandes nomes, aposte em microinfluenciadores da região. Parcerias para divulgar o prato do dia, eventos temáticos ou bastidores da cozinha trazem humanização e alcance direcionado. - Mural de recados ou desafios interativos
Um espaço para os clientes deixarem bilhetes, recados anônimos ou responderem a perguntas engraçadas (“qual o pior date que você já teve?, ou seja: qual pior encontro que já teve?”) pode virar atração no local e gerar postagens espontâneas.
E o bom e velho panfleto? Ainda vale a pena?
Sim. Vale, e muito. Embora muitos apostem todas as fichas nas redes sociais, o panfleto continua sendo uma das ferramentas mais eficazes para alcançar o público local. É rápido, barato e direto. Em bairros, comunidades e regiões com grande circulação a pé, ele funciona quase como um convite pessoal.
Mas não basta imprimir cardápio e sair distribuindo. O panfleto precisa ser estratégico:
- Ter chamada forte, tipo “traga este panfleto e ganhe 1 cortesia”
- Usar QR code para redes sociais ou promoções
- Criar sensação de urgência: “promoção válida só esta semana”
- E claro, circular no lugar certo, na hora certa
Mais do que papel, o panfleto vira ponto de contato físico com a marca, uma forma de marcar presença na rotina do bairro. Quando bem feito, entrega um retorno superior ao investimento, principalmente se for aliado a ações de guerrilha criativas na rua.
Criatividade não custa caro, custa pensar
Marketing de guerrilha é para quem tem coragem de ser diferente. Não precisa de milhões, nem de uma agência premiada. Precisa de sensibilidade com o território, conhecimento do público e disposição para surpreender.
No fim do dia, não é só sobre vender. É sobre ser lembrado.
E nisso, quem pensa fora da caixa acaba ocupando o prato principal da memória afetiva do freguês.
O que não pode faltar numa ação de guerrilha?
- Clareza de propósito: o que você quer gerar? Tráfego? Mídia? Engajamento?
- Identidade visual marcante e coerente com seu negócio
- Registro em vídeo/foto para reverberar nas redes
- Capacidade de adaptar e repetir (com criatividade)
- Autenticidade. O público reconhece falsidade a metros de distância.
Mas e o retorno? Vale mesmo a pena?
Sim. Desde que bem planejado. O marketing de guerrilha não substitui estratégias de longo prazo, mas pode ser um combustível potente para dar visibilidade, movimentar dias fracos e criar diferenciação.
O mais importante: ele coloca a alma do negócio para fora. Mostra que ali não tem só um cardápio bonito, tem uma marca com história, com humor, com vida real.
Por Hosa Freitas
Jornalista, consultora e especialista em comunicação institucional. Atua há mais de 35 anos com posicionamento de marca, mídia espontânea e estratégias de reputação.