Câmara vota projeto para derrubar aumento do IOF e expõe insegurança fiscal

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Analistas apontam que mudanças abruptas na alíquota afetam crédito, elevam incerteza e desgastam imagem do governo junto ao mercado

A Câmara dos Deputados deve votar nesta quarta-feira (25) o projeto de decreto legislativo que visa derrubar o aumento do IOF promovido pelo governo. A proposta, de autoria do deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), ganhou urgência na semana passada e será apreciada no plenário após forte articulação da oposição e de parte da base insatisfeita.

O Imposto sobre Operações Financeiras havia sido elevado por meio de decreto presidencial como forma de compensar renúncias fiscais, a estratégia foi considerada legítima, mas impopular. O aumento impacta operações de crédito e cambiais, e foi duramente criticado por setores do mercado.

Incerteza e desconforto no mercado

Especialistas ouvidos por Valor Econômico, XP e InfoMoney apontam que o governo Lula gerou desconfiança ao primeiro elevar e, depois, recuar parcialmente do aumento do IOF — mantendo, por exemplo, a isenção para fundos no exterior, mas preservando parte do aumento sobre crédito.

O efeito prático foi um choque de confiança. Investidores viram sinais de desalinhamento entre a equipe econômica e o Banco Central, além de uma política fiscal pouco clara e sensível à pressão política.

“Esse tipo de zig-zag compromete a previsibilidade”, avalia um relatório da Empiricus. Já a Bloomberg destaca que a confusão gerou “sell-off relâmpago” no real, aumentando a percepção de risco.

O que está em jogo

O aumento do IOF, além de elevar o custo do crédito, afeta diretamente operações corporativas e financeiras com reflexo nas taxas de juros praticadas por bancos. Estima-se que o impacto represente até 40 pontos-base adicionais na prática para empresas.

A derrubada do decreto pode representar um alívio pontual, mas também fragiliza a narrativa de responsabilidade fiscal que a equipe de Fernando Haddad tenta manter.

E o que diz o governo?

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou explicar a medida como “necessária para cumprir metas fiscais” e evitar contingenciamentos. Mas mesmo aliados no Congresso admitiram que a forma como a mudança foi conduzida abriu espaço para a derrota política e desgaste junto ao setor produtivo.

A expectativa agora é de que o projeto seja aprovado com ampla margem, o que pode forçar o governo a buscar outras formas de compensação fiscal, sem recorrer ao aumento de tributos sensíveis como o IOF.

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