Apesar da queda no preço médio, volume de créditos cresceu 3% e expectativa é de superávit de 10,2 milhões de títulos até o fim de 2025
O mercado de Créditos de Descarbonização (CBIOs) movimentou R$ 2,88 bilhões no primeiro semestre de 2025, segundo dados da B3. O volume representa um crescimento de 3% em relação ao mesmo período do ano passado, mesmo com a queda no preço médio dos títulos. A tendência indica um cenário de superávit, com mais créditos sendo gerados do que aposentados, o que pressiona os preços e acende alertas no setor.
Ao todo, foram emitidos 21,37 milhões de CBIOs entre janeiro e junho, o equivalente à mitigação de mais de 21 milhões de toneladas de dióxido de carbono. No entanto, o preço médio por título caiu de R$ 98,80 para R$ 69,42, refletindo o aumento da oferta e a relativa estabilidade da demanda.
Os CBIOs fazem parte da política do RenovaBio e são lastreados na produção e comercialização de biocombustíveis, como etanol e biodiesel. Cada crédito equivale a 1 tonelada de CO₂ evitada, e pode ser negociado por distribuidores de combustíveis fósseis como forma de compensação ambiental.
A consultoria StoneX projeta um superávit de 10,2 milhões de CBIOs até dezembro, caso o ritmo atual de emissão e aposentadoria se mantenha. Por outro lado, decisões recentes do Conselho Nacional de Política Energética, como o aumento da mistura obrigatória de biodiesel (B15) e etanol (E30), devem estimular a demanda no segundo semestre.

Enquanto isso, o Brasil segue ganhando visibilidade no cenário internacional da descarbonização. O país recebeu em junho um aporte de US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) do Climate Investment Funds para projetos de redução de emissões industriais, consolidando-se como um dos protagonistas no mercado de carbono da América Latina.
Mesmo com a expansão do mercado e do volume financeiro, especialistas alertam para a necessidade de equilíbrio entre oferta e demanda, além de regulamentações mais claras que garantam a previsibilidade e a estabilidade do sistema.
Principais dados:
Indicador | 1º Sem/2024 | 1º Sem/2025 | Variação |
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Volume financeiro (B3) | R$ 2,80 bi | R$ 2,88 bi | +3% |
CBIOs emitidos | 20,75 mi | 21,37 mi | +3% |
Preço médio por CBIO | R$ 98,80 | R$ 69,42 | -30% |
Projeção de superávit (StoneX) | — | +10,2 mi | — |
Fonte: JHC