Colapso da OMC: Por que o Brasil seria o país mais prejudicado no comércio global

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Pesquisa encomendada pela ICC revela que economia do Brasil pode ter exportações de bens não energéticos reduzidas em 45% a longo prazo caso a Organização Mundial do Comércio perca sua força.

A pesquisa da Oxford Economics para a Câmara de Comércio Internacional (ICC), originalmente divulgada em janeiro de 2019, que apontava o Brasil como o país mais vulnerável a um colapso da Organização Mundial do Comércio (OMC), ganha nova e preocupante relevância em 2025. O motivo é que, de lá para cá, os temores de um enfraquecimento da OMC e o aumento do protecionismo global não apenas se confirmaram, mas se agravaram.

O Que Mudou de 2019 para 2025?

A evolução do cenário comercial global desde 2019 tornou as projeções do estudo ainda mais pertinentes:

  1. Paralisação do Órgão de Apelação da OMC: O ponto mais crítico e um dos principais gatilhos para a ressonância do estudo é a paralisação do Órgão de Apelação da OMC desde o final de 2019. Devido ao bloqueio dos Estados Unidos à nomeação de novos membros, o mecanismo central de solução de controvérsias do comércio multilateral ficou inoperante. Isso significa que, na prática, a OMC perdeu grande parte de sua capacidade de arbitrar disputas e fazer cumprir suas regras, aproximando-se do “colapso” funcional que o estudo previu.
  2. Aumento Contínuo do Protecionismo: A “onda de tarifas” iniciada pelo governo Donald Trump, mencionada no estudo original, não diminuiu significativamente e, em muitos casos, evoluiu para um cenário de acirramento das disputas comerciais internacionais e fragmentação global. Diversos países adotaram ou ameaçaram adotar medidas protecionistas, como novas tarifas e barreiras não tarifárias, gerando um ambiente de maior incerteza e imprevisibilidade para o comércio mundial. Instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) continuam a alertar sobre os riscos e os custos do protecionismo para o crescimento econômico global.
  3. Desafios para o Multilateralismo: A dificuldade de se alcançar consensos e modernizar as regras da OMC se manteve, refletindo uma alteração drástica no sistema de comércio internacional. A inoperância do Órgão de Apelação simboliza a crise do multilateralismo e a perda de um pilar fundamental para a segurança jurídica e a previsibilidade das trocas comerciais.

Por Que a Pesquisa Está Repercutindo Agora?

A pesquisa de 2019 volta a ser amplamente citada e discutida em 2025 porque as projeções mais pessimistas do estudo se tornaram uma realidade iminente. O cenário de um sistema de comércio global fragilizado, sem um árbitro eficaz e com a proliferação de barreiras, é exatamente o que o estudo alertava que mais prejudicaria o Brasil, dada sua dependência de commodities agrícolas e sua limitada integração em cadeias de valor internacionais.

Artigos recentes, inclusive de agosto de 2025, retomam as conclusões da Oxford Economics, reiterando que o Brasil continua sendo o país mais vulnerável a essa situação. A pesquisa serve, portanto, como uma validação dos riscos que se materializaram e um lembrete urgente da necessidade de o país se adaptar e buscar estratégias em um ambiente comercial global cada vez mais desafiador.

Fonte: RHC/OMC/Folha

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