Decisão surpreende o mercado, que esperava estabilidade; juros atingem maior patamar desde 2006 e provocam volatilidade global
Na quarta-feira (18 de junho), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, deixando-a em 15% ao ano — o nível mais alto desde julho de 2006.
A decisão abarrotou as expectativas do mercado, que, segundo pesquisa da Bloomberg, indicava que 19 entre 31 analistas apostavam na manutenção da Selic. No entanto, o BC enfatizou que ainda monitorará os impactos desse aperto radical feito nos últimos nove meses, com sete elevações consecutivas, antes de decidir por uma pausa.
Contexto e motivações
- Inflação ainda persistente: embora o IPCA-12 esteja caindo (5,3% em maio), permanece acima da meta de 4,5%.
- Atividade econômica resiliente: o BC reconheceu que o cenário envolve “algum dinamismo” econômico, mas também alertou para sinais de moderação.
- Marco internacional incerto: o Fed manteve taxas estáveis nos EUA, enquanto instabilidades geopolíticas e fiscais globais reforçam a cautela do Copom.
Reação do mercado
- Real valorizado: o câmbio sofreu leve desvalorização, mas a alta de juros ajudou na entrada de capital estrangeiro.
- Bolsa volátil: o Ibovespa registrou instabilidade, refletindo o ajuste nos preços de ativos de risco.
- Rumo futuro: analistas do Santander e Goldman Sachs acreditam que essa pode ter sido a última alta do ciclo, embora ressaltem que o BC não descarta retomar o aperto caso a inflação volte a acelerar .
Impacto na economia e no cidadão
- Crédito mais caro: empréstimos, financiamentos e cartão de crédito devem ficar mais caros, exigindo planejamento e cuidado dos consumidores.
- Poupar rende mais: aplicações de renda fixa, como Tesouro Direto e CDB, devem atrair investidores com melhores retornos.
- Retomada controlada: o banco central pretende manter os juros elevados por um “período bastante prolongado”, mas com avaliações constantes dos efeitos na economia
O que observar a partir de agora?
- Próxima reunião do Copom (julho): é esperada uma pausa para avaliação, mas o BC não descarta novas elevações.
- Inflação futura: o BC elevou a projeção do IPCA 2025 para 4,9%, enquanto projeções do mercado apontam para 5,3%.
- Panorama internacional: a comparação com o Fed mantém o real atrativo, mas a economia global instável mantém o BC em alerta.

O aumento da Selic para 15% consolida uma política de juros altos iniciada em setembro de 2024, movida por uma inflação persistente e atividade econômica ainda resiliente. Analistas do mercado financeiro aguardam uma pausa já na próxima reunião, mas o Copom deixa claro que está pronto para retomar o aperto se houver risco de aceleração da inflação.
Fonte: Redação HC