Expectativa de redução da Selic ainda em 2025 cresce com recuo da inflação e apostas quase unânimes em corte pelo Federal Reserve em setembro
O debate sobre juros voltou ao centro das atenções dos mercados nesta semana, com investidores reforçando a expectativa de cortes tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Lá fora, a probabilidade de o Federal Reserve iniciar o afrouxamento monetário em setembro atingiu 89%, segundo dados do Fed Watch, após indicadores confirmarem a desaceleração da economia americana. O payroll mais fraco e a alta nos pedidos de seguro-desemprego ampliaram a percepção de que o banco central americano terá espaço para reduzir a taxa básica, atualmente no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano.
No Brasil, o cenário também se mostra favorável para uma queda de juros ainda em 2025. A inflação segue em trajetória de desaceleração, o câmbio mantém relativa estabilidade e o Banco Central sinaliza, nas últimas comunicações, que o ciclo de aperto monetário chegou ao fim. A Selic, hoje em 15% ao ano, é vista como significativamente contracionista, expressão utilizada pelo próprio Copom e já começa a ser alvo de pressão do setor produtivo por um alívio.

Apesar disso, o BC brasileiro mantém o discurso de cautela, citando incertezas fiscais e a volatilidade externa como fatores que podem atrasar qualquer movimento. Analistas avaliam que um eventual corte na Selic dependerá não apenas do Fed, mas também da capacidade do governo de avançar na agenda fiscal e manter as expectativas de inflação ancoradas.
No curto prazo, a curva de juros futuros já embute a expectativa de um primeiro corte no último trimestre, com redução gradual ao longo de 2026. Para investidores, o momento exige atenção redobrada: enquanto setores como varejo e construção podem reagir positivamente à perspectiva de queda da Selic, aplicações conservadoras de renda fixa ainda oferecem retornos elevados, criando uma oportunidade para reequilibrar carteiras antes da virada no ciclo monetário.
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Juros: o que observar hoje (08/08/2025)
- Selic (BR): 15,00% a.a. — BC indica política “significativamente contracionista”.
- Curva de DIs: precifica 1º corte no 4º tri/25; alívio gradual em 2026.
- Fed (EUA): taxa em 5,25%–5,50% a.a.; probabilidade de corte em setembro segue alta após dados de emprego mais fracos.
- Inflação (BR): trajetória de desaceleração mantém debate sobre início do ciclo de queda.
- Risco fiscal: avanço (ou travas) na agenda fiscal pode acelerar ou adiar cortes.
- Impacto setorial:
- Positivos com queda da Selic: varejo, construção, small caps sensíveis a crédito.
- Ainda atrativos na transição: renda fixa atrelada ao CDI/Tesouro Selic.
- Monitorar: bancos (margem x inadimplência) e exportadoras (câmbio/commodities).
Fonte: BC/Infomoney/PX/Reuters