Crise institucional no Brasil se agrava com conflitos entre Poderes, tensão internacional e desgaste de lideranças

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Palavras mal colocadas, decisões monocráticas e silêncio estratégico agravam a instabilidade política e econômica brasileira em meio a uma nova ofensiva de Trump e descompassos internos.

A crise institucional no Brasil entrou em nova fase neste segundo semestre de 2025. O que antes parecia um jogo tenso entre Poder Executivo, Judiciário e Congresso, agora ganha contornos mais amplos: uma disputa por narrativa, poder e protagonismo, sob a sombra de um cenário internacional hostil e repleto de incertezas.

Na superfície, o conflito parece rotineiro: falas infelizes do presidente Lula, decisões duras do ministro Alexandre de Moraes, resistência do Congresso. Mas, ao analisar com mais profundidade, percebemos a complexidade de uma democracia tensionada por dentro e por fora.

De um lado, o presidente norte-americano Donald Trump impôs um tarifaço de 50% a quase 95 categorias de produtos brasileiros. Como se não bastasse, revogou vistos diplomáticos de ministros do Supremo Tribunal Federal e prometeu novas sanções, inclusive contra a importação de semicondutores. A resposta de Lula foi simbólica, mas limitada: classificou o gesto como “anticivilizatório”, descartou retaliação e insistiu no diálogo — o que muitos analistas interpretaram como uma postura diplomática, mas fraca.

Internamente, a figura de Alexandre de Moraes voltou ao centro do palco. Ao suspender o decreto do IOF do governo federal e convocar uma audiência entre os Três Poderes, o ministro agiu como árbitro da crise, mas também como protagonista. Para o jornalista William Waack, foi um “cavalo de pau institucional” que, paradoxalmente, acabou ajudando o governo Lula. O gesto gerou desconforto no Congresso e acendeu alertas sobre a concentração de poder em figuras monocráticas.

Enquanto isso, a economia sente os efeitos do caos. A Selic permanece em 15%, o crescimento desacelera para 2,1%, e as expectativas de inflação seguem desancoradas. Investidores domésticos e internacionais observam um país instável, onde a previsibilidade jurídica e política está cada vez mais rarefeita.

A questão central não é apenas quem tem razão — mas como as decisões são tomadas, comunicadas e interpretadas em uma sociedade cada vez mais polarizada. O ambiente institucional brasileiro mistura formalismo jurídico, improviso político e protagonismos individuais, num caldeirão que ameaça tanto a governabilidade quanto a confiança pública.

A crise de 2025 não é apenas institucional, mas filosófica e simbólica: qual o limite do poder? Qual o papel de um ministro da Suprema Corte? Como se constrói uma autoridade legítima em tempos de redes sociais, desinformação e descrença?

Se há algo que o Brasil precisa neste momento, é menos espetáculo e mais equilíbrio. Menos arrogância e mais responsabilidade. Porque enquanto as figuras públicas disputam holofotes, o país caminha perigosamente sobre a linha tênue que separa a democracia de uma instabilidade crônica.

Por Hosa Freitas e Merlí B. Martin
Artigo de análise política e institucional

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