A elevação inesperada do IOF causou turbulência nos mercados, atingiu ações de empresas sensíveis ao crédito e expôs fragilidades na articulação entre Executivo e Congresso. Recuo parcial da medida não bastou para estancar a desconfiança.

O Ibovespa amanheceu instável e terminou o dia no vermelho após o governo federal anunciar, sem aviso prévio, o aumento de alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em diversas modalidades, incluindo aplicações no exterior. A medida foi interpretada pelo mercado como um movimento apressado e fiscalmente desesperado, gerando críticas de investidores e parlamentares.
A pressão do mercado levou o Ministério da Fazenda a recuar parcialmente, mantendo a alíquota zero para aplicações de fundos nacionais no exterior, embora outras elevações tenham sido mantidas
A repercussão foi imediata:
📉 O Ibovespa caiu 1,5%
💵 O dólar futuro disparou para R$5,76
📉 Ações de empresas de varejo, como Magazine Luiza, derreteram
O que mudou com o novo IOF
O governo havia proposto aumentar a alíquota de IOF sobre aplicações de fundos no exterior de 0% para 3,5%, afetando diretamente gestoras e investidores institucionais. Diante da forte pressão, recuou parcialmente, mantendo a alíquota zero para os fundos brasileiros. No entanto, outras elevações foram mantidas, o que não bastou para conter a volatilidade.
Segundo analistas, a sinalização foi clara: o governo está buscando receitas rápidas, sem construir uma estratégia fiscal sólida e previsível, algo que o mercado rejeita com veemência.
Críticas do Congresso e a crise de articulação
Parlamentares criticaram a falta de diálogo prévio. A base aliada cobrou do Executivo um plano mais estruturado de ajuste, lembrando que mudanças fiscais sensíveis precisam de negociação política e análise de impacto. O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que a medida deveria estar dentro de uma revisão mais ampla da tributação financeira.
“O mercado quer previsibilidade. O que o governo ofereceu foi insegurança tributária disfarçada de urgência fiscal”, resumiu um analista da XP.
Setores mais impactados
Setores sensíveis ao custo do crédito, como varejo e consumo, foram particularmente afetados. Empresas como Magazine Luiza registraram quedas expressivas em suas ações, refletindo preocupações com o aumento dos custos financeiros e a possível retração no consumo
- Varejo e Consumo: Empresas que dependem de crédito sofreram quedas imediatas.
- Gestoras e fundos internacionais: Incertidão sobre o futuro do IOF desincentiva alocação em ativos brasileiros.
- Imobiliário e infraestrutura: Setores que operam com crédito de longo prazo temem repasse de custos.

Leitura política e econômica
A tensão expõe uma fragilidade estrutural: o governo tenta conter o déficit fiscal com medidas pontuais que não dialogam com um plano de médio prazo. O Congresso, por sua vez, busca se distanciar de decisões impopulares, ampliando o ruído político.
A consequência é clara: queda de confiança, fuga de capital e volatilidade cambial. Um cenário já conhecido do investidor brasileiro, que espera menos improviso e mais clareza.
O episódio reforça a necessidade de uma abordagem fiscal mais transparente e previsível. A confiança dos investidores depende de medidas que promovam estabilidade e crescimento sustentável, evitando soluções de curto prazo que possam comprometer a credibilidade econômica do país.
Fonte: HC/Ibovespa/B3