Os mercados respiram aliviados com o acordo de trégua temporária entre EUA e China na guerra comercial.
Os Estados Unidos e a China anunciaram, nesta segunda-feira (12), um acordo histórico de redução mútua de tarifas de importação, com direito a uma trégua de 90 dias nas chamadas “tarifas recíprocas”. A decisão foi comunicada após reuniões realizadas entre representantes das duas potências no fim de semana, na Suíça, e surpreendeu os mercados ao sinalizar uma reaproximação entre as maiores economias do mundo.
Pelo acordo, as tarifas americanas sobre produtos chineses cairão de 145% para 30%, enquanto as taxas impostas pela China sobre produtos dos Estados Unidos serão reduzidas de 125% para 10%. A medida entra em vigor imediatamente e será mantida por três meses, podendo ser prorrogada por mútuo consenso.
O anúncio marca uma inflexão significativa no relacionamento econômico entre os dois países, que desde 2018 vinham escalando tensões tarifárias em ciclos de retaliações e protecionismo. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, destacou que “ambos os países representaram muito bem seus interesses nacionais” e reforçou que os Estados Unidos continuarão trabalhando por um comércio “mais equilibrado e transparente”.
“O consenso das delegações neste fim de semana é de que nenhum dos lados deseja um desacoplamento”, afirmou Bessent. “E o que havia ocorrido com essas tarifas altíssimas era o equivalente a um embargo e nenhum dos lados quer isso. Queremos o comércio”.
A trégua tarifária vem em um momento delicado da economia global, pressionada por altos índices inflacionários, cadeias produtivas tensionadas e incertezas geopolíticas. Com a redução das tarifas, espera-se um alívio nos custos de produção, uma melhora no fluxo comercial e um impacto positivo sobre a inflação em vários setores — especialmente o de tecnologia, bens duráveis e commodities industriais.
Especialistas avaliam que a decisão sinaliza uma tentativa de cooperação estratégica entre os dois países, que enfrentam desafios internos — como o esfriamento do crescimento econômico chinês e a volatilidade política nos EUA, em ano pré-eleitoral. Ainda assim, pontos sensíveis como propriedade intelectual, barreiras regulatórias e a disputa por protagonismo tecnológico seguem fora do escopo do atual acordo e devem continuar em pauta nos próximos encontros.
A trégua tem validade inicial de 90 dias, período em que serão monitorados os impactos comerciais e diplomáticos do gesto. Caso as metas previstas em termos de balança comercial, fluxo de investimentos e estabilidade de preços se concretizem, há expectativa de que o acordo seja renovado e ampliado, marcando um novo ciclo de diálogo entre Washington e Pequim.
Para os mercados e para a diplomacia global, o acordo representa mais do que um alívio momentâneo: é um aceno de que, mesmo em tempos de rivalidade, as grandes potências ainda podem optar pela via da negociação.

Fonte: Bloomberg