Governo quer fim da obrigatoriedade de autoescola para tirar CNH, mas como isso funciona em outros países?

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Ministro dos Transportes propõe baratear o processo de habilitação no Brasil. Em países como os EUA, autoescola não é exigida; já na Europa, o caminho é mais caro e rigoroso

O governo federal quer acabar com a obrigatoriedade de aulas em autoescolas para quem deseja tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A proposta, anunciada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, reacende o debate sobre o custo do processo e a inclusão social no acesso ao documento.

Segundo o ministro, cerca de 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação, e o alto valor cobrado, entre R$ 3 mil e R$ 4 mil, é o principal motivo. O projeto prevê a utilização de novas tecnologias e modelos alternativos de formação, com supervisão dos Detrans, sem necessariamente exigir matrícula em centros de formação de condutores.

Mas afinal, como isso funciona em outros países? A obrigatoriedade de autoescola é uma regra brasileira ou uma exceção? A seguir, um comparativo com Estados Unidos e países europeus.

Estados Unidos: flexibilidade e foco no exame

Nos EUA, o modelo varia conforme o estado, mas em geral:

  • Autoescola não é obrigatória.
  • O candidato pode aprender com instrutores particulares ou familiares.
  • O processo envolve:
    • Prova teórica (presencial ou online).
    • Permissão de aprendizagem (learner’s permit).
    • Prova prática supervisionada.

Custo médio: entre US$ 50 e US$ 500
Vantagem: acesso amplo e barato
Risco: formação irregular sem supervisão técnica.

Alemanha: rigor e alto custo

Na Alemanha, a obtenção da habilitação é quase um curso técnico:

  • Autoescola é obrigatória.
  • Aulas teóricas e práticas têm número mínimo e são rigidamente controladas.
  • O candidato deve comprovar formação em:
    • Primeiros socorros
    • Direção noturna, rodoviária e em estradas

Custo médio: entre €1.500 e €2.500 (R$ 9 mil a R$ 15 mil)
Vantagem: formação técnica sólida
Desvantagem: custo elevado e barreira de entrada

França: modelo híbrido com apoio estatal

Na França, a prova teórica pode ser feita de forma independente, mas:

  • Para a prova prática, o aluno precisa passar por aulas com instrutores credenciados.
  • Existem programas públicos de apoio a jovens de baixa renda.

Custo médio: entre €1.200 e €2.000
Vantagem: equilíbrio entre exigência e acesso
Desvantagem: ainda é caro para grande parte da população

Holanda: quase obrigatório

Apesar de não ser legalmente obrigatório, na prática quase todos os candidatos fazem autoescola, pois os exames são exigentes.

Custo médio: entre €2.000 e €2.500.
Vantagem: boa formação.
Desvantagem: alto custo e tempo de preparo longo.

Brasil: modelo engessado e caro

No Brasil, o processo atual exige:

  • Matrícula obrigatória em autoescola credenciada
  • Aulas teóricas e práticas com carga horária mínima
  • Exames aplicados pelos Detrans

Custo médio: entre R$ 3 mil e R$ 4 mil
Desvantagem: barreira de entrada social e econômica
Proposta atual: permitir formação livre, com exame final mantido.

Renan Filho afirma que a proposta pode ser feita sem necessidade de mudança na lei, apenas por regulamentação administrativa. A medida, segundo ele, representa uma reforma microeconômica, que combate máfias, reduz custos e amplia a formalização no trânsito.

Ainda não há prazo oficial para implementação, mas o tema deve gerar forte debate entre Detrans, entidades de trânsito, autoescolas e o Congresso Nacional.

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