Organização criminosa desviou quase R$ 40 milhões usando CPFs de inocentes e empresas inexistentes em um dos maiores esquemas de corrupção já registrados no programa.
A Polícia Federal desarticulou uma organização criminosa responsável por um esquema de fraudes milionárias no programa Farmácia Popular, com ramificações que iam muito além do desvio de verbas públicas. O dinheiro era usado para financiar o tráfico internacional de drogas, com ligações diretas a redes criminosas no Peru e na Bolívia.
O golpe consistia na abertura de farmácias fantasmas, algumas sem qualquer estrutura física, que simulavam vendas de medicamentos subsidiados pelo governo utilizando CPFs de pessoas inocentes, que jamais retiraram os produtos. Segundo as investigações, aproximadamente 160 mil CPFs e 148 CNPJs foram utilizados ilegalmente.

O esquema foi descoberto após a apreensão de 191 kg de cocaína em Luziânia (GO), que levou à prisão de um caminhoneiro e de Clayton Soares da Silva, um dos nomes envolvidos no setor de farmácias. A partir da análise de mensagens no celular dos investigados, a PF chegou ao comando da quadrilha, liderado por Fernando Batista da Silva, conhecido como “Piolho”.
“Essa organização criminosa utilizou o programa Farmácia Popular para fazer a lavagem desses recursos. Posteriormente, passou a utilizá-lo como ferramenta para investir no próprio tráfico de drogas”, afirmou o superintendente da PF no Distrito Federal, José Roberto Peres.
Além de Goiás, foram identificadas farmácias fictícias em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo. Em apenas duas empresas registradas em lotes baldios de Águas Lindas (GO), foram detectados repasses de quase R$ 500 mil por parte do Ministério da Saúde, mesmo sem qualquer comprovação de funcionamento.
A PF estima que, diariamente, o SUS sofra até 140 mil tentativas de fraude no programa Farmácia Popular. O caso reacende o debate sobre os mecanismos de controle, a vulnerabilidade dos dados pessoais e a urgência de uma fiscalização mais rigorosa em programas de transferência de recursos públicos.
Fonte: RHC/Infomoney