Mercados globais operam em compasso de espera entre inflação nos EUA, guerra tarifária e PIB chinês

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Investidores monitoram sinais da economia americana, desempenho da China e a escalada protecionista de Trump. No Brasil, IOF e retaliação comercial dominam a agenda política do dia.

O mercado financeiro brasileiro iniciou a semana em tom sombrio. O Ibovespa acumula seis sessões consecutivas de queda, em um cenário de desconfiança generalizada, enquanto o dólar segue em escalada, já se aproximando de R$ 5,60. Juros altos, inflação resistente e tensão internacional completam o retrato de um mês desafiador.

A expectativa em torno da inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI) domina o noticiário econômico e é considerada uma peça-chave para calibrar as apostas sobre possíveis cortes de juros no fim do ano. Quanto mais suave for o dado, maior será o alívio nos ativos de risco. Mas um novo (e velho) ruído voltou a perturbar o radar global: a escalada tarifária promovida por Donald Trump, em mais um capítulo do protecionismo à la 2018.

A reedição da guerra comercial traz incertezas sobre o ritmo da economia americana e o comportamento da inflação futura e pode atrasar a retomada do ciclo de flexibilização monetária pelo Federal Reserve. Por ora, o mercado ainda trabalha sob o pressuposto de que a implementação efetiva das tarifas será adiada, como já ocorreu em outras ocasiões. Mas a grande questão continua sendo a imprevisibilidade da atual Casa Branca.

Enquanto os investidores esperam pelo CPI, que deve subir para 2,6% em junho, contra 2,4% em maio, também monitoram o início da temporada de balanços corporativos nos EUA, com BlackRock, JPMorgan, Wells Fargo e Citigroup abrindo os resultados do segundo trimestre nesta manhã.

Mercados Futuros às 7h12 (horário de Brasília):

Dow Jones: +0,08%

S&P 500: +0,36%

Nasdaq: +0,58%

Europa, China e petróleo: sinais mistos e cautela ampliada

Na Europa, os principais índices operam de lado, com os investidores aguardando uma possível lista de retaliações comerciais da União Europeia contra os Estados Unidos, caso as tarifas avancem sem acordo antes de agosto. O Euro Stoxx 50 subia 0,32%, Paris avançava 0,08% e Londres recuava 0,02%, às 7h14.

Na Ásia, o destaque foi o PIB da China, que cresceu 5,2% no segundo trimestre, ligeiramente acima dos 5,1% esperados, mas abaixo dos 5,4% do primeiro trimestre. Embora o número tenha animado as bolsas chinesas, os sinais são mistos. Vendas no varejo abaixo do previsto (4,8%) e indústria com desempenho forte (6,8%) geram dúvidas sobre a consistência da recuperação.

Índices asiáticos:

Hang Seng (Hong Kong): +1,60%

Nikkei (Japão): +0,55%

CSI 300 (China): +0,03%

Mesmo assim, o mercado reagiu bem, com o índice EWZ, que representa a bolsa brasileira em Nova York, subindo 0,70%, após quatro pregões de queda.

Por outro lado, o petróleo Brent recuava 0,49%, a US$ 68,87, pressionado por novas ameaças de sanções dos EUA contra a Rússia, prometidas por Trump com prazo apertado. O ambiente geopolítico, portanto, segue como fator de volatilidade.

No Brasil: IOF e retaliações na pauta do dia

Ibovespa: queda em ritmo de desconfiança

A bolsa brasileira sofre com o efeito combinado das tensões fiscais internas e ameaças tarifárias dos EUA. Desde o início da semana passada, o índice vem perdendo fôlego, como mostra o gráfico:

Resumo da variação:
De 136 mil pontos em 09/07, o índice caiu para cerca de 133.800 em 14/07.

Essa queda reflete não apenas o temor com o desdobramento das tarifas norte-americanas, mas também a paralisia política em torno da LDO e do IOF, que impede avanços em temas macroeconômicos essenciais.

Câmbio: dólar em alta pressiona custos e inflação

Outro termômetro da insegurança é o câmbio. O dólar saltou de R$ 5,45 para R$ 5,58 em menos de uma semana, puxado por incertezas comerciais e fuga de capitais.

Com o dólar pressionado, o impacto recai sobre o setor produtivo, especialmente na indústria e nas importações, o que pode refletir em novos reajustes de preços e inflação de repasse.

Inflação e Selic: quadro de rigidez

  • IPCA (junho): +0,20%
  • Acumulado em 12 meses: 5,32%
  • Meta do ano: 3%

Mesmo com uma leve desaceleração, a inflação anualizada segue bem acima do teto da meta. O Banco Central já indicou que a Selic (15%) deve ser mantida até janeiro de 2026, travando investimentos e o acesso ao crédito.

No Brasil, o dia é esvaziado de indicadores econômicos relevantes, mas carregado de tensões políticas e diplomáticas.

No Supremo Tribunal Federal, ocorre nesta terça-feira a audiência de conciliação sobre a alíquota do IOF, com representantes do Executivo, Legislativo e do setor empresarial tentando, ao menos formalmente, uma saída consensual.

Nos bastidores, todo mundo finge que quer paz, como já se tornou praxe.

Enquanto isso, o governo federal articula a reação contra a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O comitê interministerial criado para responder à medida se reúne hoje com representantes da indústria e do agronegócio em Brasília. A expectativa é apresentar um pacote de propostas de negociação ou de retaliação para ser levado a Washington nas próximas semanas.

Portanto a combinação de inflação americana, protecionismo de Trump, PIB chinês misto e tensão comercial global deixa os mercados operando com prudência. No Brasil, o ambiente é de alerta: o câmbio pressionado, os juros em 15% e a bolsa fragilizada indicam que a confiança segue abalada.

Agenda internacional do dia (15/07)

Horário (Brasília)Evento
6hZona do Euro: Produção industrial de maio
6hAlemanha: Índice Zew de expectativas econômicas
9h30EUA: CPI de junho
10h e 14hBrasil: Reuniões do vice-presidente Alckmin com indústria e agro
15hSTF: Audiência de conciliação sobre IOF
10h15 a 20h45Fed: Discursos de Michelle Bowman, Michael Barr, Barkin, Collins, Logan

O mundo está em modo cautela. E o Brasil, como sempre, é passageiro e protagonista do mesmo trem desgovernado.

Fonte: JHC/Reuters/Ibovespa

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