Investidores monitoram tensão geopolítica, dados econômicos e expectativa de cortes na Selic, enquanto governo brasileiro prepara plano de contingência contra tarifaço
Entre o calor dos preços e um reencontro gelado no Alasca
A segunda-feira (11) começa com os mercados globais avaliando um cenário de forte tensão comercial e política. O pacote tarifário de Donald Trump contra diversos parceiros comerciais, incluindo o Brasil, entrou plenamente em vigor na semana passada, e o governo brasileiro ainda não apresentou o plano de contingência para amparar empresas afetadas. A divulgação da medida foi adiada, mas é prometida para os próximos dias.
Enquanto isso, a trégua comercial entre Estados Unidos e China expira amanhã, sem sinais concretos de prorrogação, e cresce a expectativa para o aguardado encontro entre Trump e Vladimir Putin, marcado para sexta-feira no Alasca. O presidente americano já aventou a possibilidade de um cessar-fogo na guerra da Ucrânia com troca de territórios, proposta rejeitada por Volodymyr Zelensky.
Além disso, o radar dos investidores estará voltado para os dados de inflação ao consumidor e ao produtor dos EUA referentes a julho, que serão divulgados, respectivamente, na terça e na quinta-feira. Os números podem indicar o impacto inicial das novas tarifas sobre os preços e influenciar o calendário de cortes de juros pelo Federal Reserve.
Bolsas mistas e volatilidade elevada
As bolsas asiáticas abriram a semana em alta, impulsionadas pela expectativa de indicadores econômicos relevantes e pelo prazo final das negociações comerciais entre China e EUA. Já na Europa, o pregão começou misto, refletindo cautela diante das incertezas geopolíticas. O setor farmacêutico registrou ganhos, enquanto o de energia recuou.
Nos EUA, as bolsas encerraram a semana passada em alta, com destaque para o Nasdaq (+1%), que teve o melhor desempenho desde o início de julho. O S&P 500 ficou próximo de renovar a máxima de um ano, e o Dow Jones encurtou a distância para o recorde histórico. A queda do índice de volatilidade VIX reforçou o sentimento de confiança no curto prazo, apesar de alertas para a concentração de ganhos em poucos setores, como tecnologia e inteligência artificial.
Acordo inédito no setor de chips
Em um movimento incomum, Nvidia e AMD fecharam acordo com o governo americano para pagar 15% das receitas obtidas com vendas de chips de inteligência artificial à China, em troca de licença de exportação. As ações das companhias caem no pré-mercado desta segunda-feira. O acerto inverte a lógica tradicional da política comercial, com Washington participando diretamente da receita das exportações.
Impactos no Brasil: Bolsa, Selic e política
No mercado doméstico, o Ibovespa encerrou a última sexta-feira em queda, puxado pela Petrobras, que divulgou dividendos abaixo das expectativas e anunciou a retomada da distribuição de GLP no varejo. Ainda assim, o índice acumulou alta de 2,62% na semana.
Com sinais de que a Selic pode ter atingido o pico do ciclo de aperto monetário, cresce a expectativa de migração de fluxos para a renda variável. Um eventual corte já em dezembro dependerá do comportamento da inflação, da reancoragem das expectativas e da política monetária americana.
A política interna também entra no radar. As eleições de 2026 e a configuração do próximo Congresso podem influenciar o rali esperado para os próximos 12 a 18 meses. O mercado busca um projeto econômico reformista e fiscalmente responsável para 2027, em meio à percepção de que o atual governo tem dificuldade para avançar na agenda de reformas.
Agenda do dia e indicadores

- 8h25: Relatório Focus (BC)
- 10h30: Palestra de Gabriel Galípolo (Banco Central) na Associação Comercial de SP
- 15h: Balança comercial semanal (Secex)
- 17h: Lula discute plano de contingência com Geraldo Alckmin
- 18h: Reunião de Galípolo com Febraban e grandes bancos
Mercados agora (7h20):
- Futuros S&P 500: +0,08%
- Futuros Nasdaq: +0,03%
- Futuros Dow Jones: +0,22%
- Euro Stoxx 50: -0,13%
- Brent: US$ 66,68 (+0,14%)
- Minério de ferro (Dalian): US$ 109,84/t (+1,94%)
Como ficamos, então?
Foco | Situação Atual | Destaque |
---|---|---|
Brasil | Ibovespa flerta com os 136 mil; dólar alto. | Olho no plano de contingência do governo. |
Empresas | Petrobras sem dividendos extras; BP com achado promissor. | Dividendos escassos, mas petróleo animador. |
Global | Wall Street cautelosa; tarifaça ainda no volante. | Federal Reserve e dados econômicos no radar. |
Fonte: RHC/Infomoney/Reuters/XP/Valor/Veja/ Ibovespa