Seminário na Câmara dos Deputados aponta que o País precisa definir se seguirá como exportador de matéria-prima ou se agregará valor para liderar a economia verde.
A Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados promoveu, nesta segunda-feira (15), um seminário para discutir os desafios e oportunidades da exploração de minerais críticos e estratégicos no Brasil. O encontro reuniu representantes do governo federal, universidades, municípios mineradores, organizações ambientais e especialistas, em um debate que escancarou dilemas do modelo de desenvolvimento nacional.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a lista de minerais considerados estratégicos para a transição energética e a segurança alimentar inclui 22 itens, entre eles lítio, nióbio, níquel, vanádio, grafita, alumínio/bauxita, silício/quartzo e manganês. O Brasil detém reservas significativas desses recursos, fundamentais para baterias, semicondutores, turbinas eólicas e painéis solares.
Política nacional em construção
O governo federal pretende lançar ainda este ano a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, com medidas como:

- mapeamento geológico e priorização de licenciamento ambiental;
- criação de linhas de financiamento e fundo setorial;
- capacitação da mão de obra;
- atração de investimentos internacionais;
- estímulo à agregação de valor no território nacional.
O BNDES já anunciou a criação de um Fundo de Minerais Críticos com R$ 250 milhões, que pode chegar a R$ 1 bilhão com aportes privados e institucionais.
Críticas e preocupações
Apesar do otimismo em torno das oportunidades, especialistas alertaram para riscos. Entre eles, a concentração de exploração em áreas sensíveis, a possibilidade de licenciamento acelerado sem segurança ambiental e a inclusão de minerais que não têm relação direta com a transição energética.
Representantes de municípios mineradores reforçaram que é preciso evitar a repetição de padrões extrativistas do passado, que resultaram em degradação ambiental e pouco retorno socioeconômico. O desafio, afirmaram, é criar um modelo que gere desenvolvimento local sustentável, em vez de apenas exportar matéria-prima bruta.
Disputa geopolítica
A transição energética global transformou os minerais críticos em ativos geopolíticos de alta relevância. Estados Unidos, União Europeia e China disputam acesso a reservas estratégicas, enquanto países produtores, como o Brasil, são pressionados a garantir fornecimento estável.
Nesse cenário, o Brasil precisa decidir se será apenas fornecedor de commodities ou se buscará liderança na cadeia de valor, investindo em tecnologia, pesquisa e industrialização.
O futuro em jogo
A mensagem do seminário foi clara: a definição da política nacional para minerais críticos pode reposicionar o Brasil na economia verde mundial, mas exige escolhas firmes. O risco é repetir a lógica de exportar riqueza sem retorno proporcional, deixando comunidades locais com os impactos sociais e ambientais.
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Fonte: Agência Câmara de Notícias