Investigações apontam movimentação de R$ 52 bilhões em fraudes e lavagem de dinheiro; deputado Julio Lopes alerta para perdas anuais de R$ 485 bilhões na economia.
Uma operação deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) revelou um esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis, com participação direta do Primeiro Comando da Capital (PCC). Batizada de Operação Carbono Oculto, a investigação aponta infiltração da facção criminosa em toda a cadeia econômica, desde importadoras e distribuidoras até postos de combustíveis.
Foram identificadas fraudes qualitativas e quantitativas em mais de 1.000 postos, com consumidores pagando por volumes menores ou por combustíveis adulterados. O esquema começou com a importação irregular de nafta, hidrocarbonetos e diesel, feita por empresas de fachada atuando como “interpostas pessoas”. Esses produtos eram revendidos a formuladoras e distribuidoras, já com indícios de sonegação fiscal.
Um dos pontos mais graves foi o desvio sistemático de metanol, utilizado para adulterar gasolina vendida nos postos. Essa prática compromete a qualidade do combustível, gera riscos ao meio ambiente e causa danos aos veículos, ao mesmo tempo em que priva o fisco da arrecadação de tributos.
De acordo com a Receita Federal, o impacto financeiro é expressivo: cerca de R$ 7,6 bilhões em tributos foram sonegados. O MPSP estima que a facção absorveu distribuidoras, transportadoras e postos em sua rede, chegando a ameaçar empresários que tentavam cobrar dívidas. A força-tarefa envolveu 1.400 agentes e cumpriu mandados em mais de 350 alvos distribuídos em oito estados.

A Polícia Federal também atua em paralelo para desarticular estruturas de lavagem de dinheiro vinculadas ao esquema. A Operação Quasar cumpriu mandados na Avenida Faria Lima, em São Paulo, mirando redes financeiras usadas pelo crime organizado. Já a Operação TanK teve como alvo uma das maiores engrenagens de lavagem no Paraná, com suspeita de movimentação superior a R$ 23 bilhões entre 2019 e 2025, incluindo centenas de empresas de fachada.
As investigações consolidam um cenário de alta complexidade: além de adulteração e fraudes fiscais, os esquemas garantiam lucros bilionários ao PCC, ampliando sua presença no setor formal da economia e reforçando sua capacidade de corromper cadeias inteiras de fornecimento.
Principais números da fraude
- 1.000 postos investigados.
- R$ 7,6 bilhões em tributos sonegados.
- 350 alvos da força-tarefa em oito estados.
- 1.400 agentes envolvidos na operação.
- R$ 23 bilhões movimentados em lavagem de dinheiro pela rede do PCC.
- R$ 485 bilhões/ano → evasão fiscal estimada pela CNI em diversos setores.
- R$ 62 bilhões/ano → perdas no setor de combustíveis.
- R$ 52 bilhões → movimentação criminosa identificada (2020–2024).
- R$ 46 bilhões → operações de fintech usada como “banco paralelo”.
- R$ 10 bilhões → movimentação de empresas ligadas ao PCC.
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Fonte: Clobo/CNN/CNI