Preço do café cai pelo 2º mês seguido, mas alta pode voltar: indústria prevê elevação de até 15%

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Dados do IBGE mostram recuo de até 2,2% em agosto; produtores já veem custos maiores no campo e alerta vem da Abic

A queda recente no preço do café, um dos principais produtos da pauta de exportações brasileiras, não deve durar muito. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em agosto, o café moído ficou 2,17% mais barato em relação a julho, marcando o segundo mês consecutivo de recuo após um ano e meio de altas. O alívio, porém, tende a ser passageiro: segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), os preços devem voltar a subir entre 10% e 15% já nas próximas semanas.

Em entrevista ao jornal O Globo, o diretor-executivo da entidade, Celírio Inácio, destacou que o quilo do café pode chegar a R$ 80, ante os R$ 66,70 registrados em junho, último dado consolidado da Abic. O movimento reflete uma pressão crescente no campo, onde os produtores voltaram a receber valores mais altos desde o início de agosto.

O cenário é resultado da combinação de fatores domésticos e externos. No mercado internacional, a implementação do tarifaço de 50% pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro elevou a cotação do grão na Bolsa de Nova York, referência mundial para o setor. A medida surpreendeu parte dos agentes, que esperavam que o produto fosse incluído na lista de isenções tarifárias, como ocorreu com o suco de laranja.

Além disso, os estoques globais de café permanecem em níveis historicamente baixos, após quatro anos consecutivos de safras prejudicadas por condições climáticas adversas nos principais países produtores — Brasil, Vietnã e Colômbia. No caso brasileiro, a produção de arábica, variedade mais importante para exportação, deve cair 18,7% neste ano em comparação com 2024, de acordo com a consultoria StoneX Brasil. Geadas no Cerrado Mineiro também comprometeram a oferta, com perdas estimadas em 424 mil sacas, o equivalente a 25 mil toneladas.

A pressão climática ajuda a explicar o salto nos preços do café arábica nos últimos anos. A saca, que custava em torno de R$ 600 em 2020, ultrapassou a marca de R$ 2.500 em 2025, segundo dados de mercado. Para a indústria, a única alternativa tem sido repassar os custos ao consumidor, sob pena de inviabilidade econômica.

O impacto já se reflete no varejo. Embora a inflação medida pelo IBGE aponte duas quedas mensais consecutivas, o acumulado de 12 meses segue elevado e as perspectivas de reajuste iminente apontam para novas pressões sobre o orçamento das famílias. A expectativa é de que a recomposição dos estoques e uma safra mais robusta em países concorrentes, como Vietnã e Colômbia, possam reduzir a pressão sobre os preços em médio prazo. Até lá, o consumidor brasileiro deve conviver com pacotes de café cada vez mais caros nas prateleiras.

Resumo: mercado do café

  • Dados oficiais: IBGE registrou queda de ~1,01% em julho no café moído (IPCA). No acumulado do ano, alta de 41,46%; em 12 meses, 70,51%.
  • Motivos do recuo temporário: safra ampliada aumentou a oferta; efeitos climáticos ainda afetam a produção arábica; estoques globais seguem baixos.
  • Pressão para alta futura: custos maiores pagos ao produtor; indústria projeta reajuste de 10% a 15% nas próximas semanas (Abic); impacto do tarifaço dos EUA e da demanda externa.
  • Impacto no consumidor: produto continua caro mesmo com queda recente; repasses ao varejo demoram; marcas já sinalizam reajustes.
  • Riscos e variáveis: clima adverso (geadas, secas); política de tarifas internacionais; estoques reduzidos; possíveis redirecionamentos de exportação.
  • Conclusão: queda atual deve ser passageira. Expectativa de retomada da alta nos preços, com impacto direto no consumidor e atenção ao cenário internacional.

Fontes: O globo/IBGE – IPCA/ABIC/Reuters

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