Mercados iniciam o mês divididos entre expectativas de dados decisivos, tensões políticas e ajustes nas principais economias globais.
Os mercados começam dezembro testando limites entre a expectativa por dados cruciais e a necessidade de uma leitura fina sobre o humor global. Nos EUA, a Cyber Monday promete novo recorde de vendas e funciona como termômetro da resiliência do consumo num momento em que o mercado está obcecado com o PCE, indicador de inflação que pode calibrar a decisão de juros do Federal Reserve em 10 de dezembro. A Inteligência Artificial segue como motor das bolsas, mas a volatilidade de novembro mostrou que o setor não vive só de euforia: há dúvidas sobre valuation, fluxo e a sucessão de Jerome Powell, depois de Trump afirmar que já escolheu um nome para substituí-lo.
No exterior, o dia amanhece mais pesado: bolsas em queda, petróleo em alta após a Opep+ manter as cotas de produção para 2026, e Ásia mista sob o impacto da fragilidade imobiliária chinesa, com a Vanke negociando postergação de dívidas e o governo suspendendo dados de vendas. O Banco do Japão adicionou tensão ao indicar a possibilidade de alta de juros já em dezembro, mexendo no apetite por risco global.
No Brasil, a semana é carregada: PIB do 3º trimestre, produção industrial, novas falas de Gabriel Galípolo e um ambiente político cada vez mais contaminado pela disputa entre Executivo e Congresso, já olhando para a janela de dez meses até o primeiro turno de 2026.
Novembro, porém, terminou forte para os ativos domésticos: o Ibovespa subiu 6,46% no mês e já acumula mais de 30% no ano, enquanto o dólar perdeu força e a curva de juros curtos acomodou após novas falas do Banco Central. No varejo, a Black Friday trouxe um retrato misto: ICVA total de 1,9% e e-commerce com alta expressiva de 16,1%.

A política adiciona ruído: Davi Alcolumbre acusou o Executivo de interferir no calendário do Senado ao atrasar o envio da indicação de Jorge Messias ao STF, ampliando a tensão entre os Poderes. Em pronunciamento em rede nacional, Lula reforçou a isenção do IR até R$ 5 mil, medida estimada para injetar R$ 28 bilhões na economia em 2026, uma narrativa calibrada para o ciclo eleitoral.
Nos EUA, o fim de novembro virou o jogo: apostas de corte de juros já em dezembro chegaram a 87%, impulsionando alta semanal de 3,7% no S&P 500, o melhor resultado desde 2008 para a semana do Dia de Ação de Graças. Agora, a agenda é carregada: PCE, PMIs, payroll e a última fala de Powell antes do período de silêncio.
A pauta econômica global também passa por tendências culturais, como a expansão do mercado dos “kidults”, adultos que movimentam quase 30% das vendas globais de brinquedos e impulsionam marcas com forte apelo emocional. Na Ásia, Modi prepara um pacote ambicioso de reformas para acelerar o crescimento da Índia e reforçar sua posição estratégica em meio à aproximação com a Rússia.
Na esfera geopolítica, Steve Witkoff segue para Moscou após rodada de conversas na Flórida com representantes ucranianos e Marco Rubio. Embora produtivo, o encontro não trouxe avanços decisivos, e a cautela predomina antes das negociações com Vladimir Putin.
No Brasil, o Ibovespa inicia dezembro em leve queda, acompanhando a realização de lucros no exterior e monitorando novas falas de Galípolo e o Boletim Focus, que reduziu a projeção de inflação de 2025 e 2026 pela terceira semana seguida. Às 10h10, o índice recuava 0,10%, aos 158.918 pontos, enquanto o dólar subia a R$ 5,3502 na contramão do movimento global.
| Índice / Ativo | Último | Variação |
|---|---|---|
| Ibovespa | 158.918 pts | -0,10% |
| S&P 500 | — | — |
| Nasdaq | — | — |
| Dow Jones | — | — |
| Dólar (à vista) | R$ 5,3502 | +0,29% |
| Euro | — | — |
| Bitcoin | — | — |
| Petróleo Brent | — | — |
| Ouro (oz t.) | — | — |
Leia também:

















