As gigantes de chips Intel e Qualcomm foram informadas recentemente pelo governo dos EUA que não poderão mais exportar determinados chips para a Huawei, uma das principais fabricantes de smartphones da China. Essa penalidade pode restringir ainda mais o fornecimento de chips de inteligência artificial (IA) para o mercado local.
Além disso, os produtos da Intel vendidos na China poderão passar por uma revisão de segurança, conforme uma nova norma da Cybersecurity Association of China (CSAC). Esta associação alega que a fabricante americana “tem constantemente prejudicado” a segurança nacional e os interesses do país, de acordo com informações da Reuters.
Embora a CSAC seja um grupo da indústria e não um órgão governamental, ela mantém laços estreitos com o governo de Pequim. As acusações contra a Intel foram divulgadas em uma extensa postagem em sua conta oficial no WeChat e podem desencadear uma revisão de segurança por parte da Cyberspace Administration of China (CAC), o poderoso regulador do ciberespaço da China.
As ações da Intel caíram 2,13% nas negociações da tarde desta quarta-feira, 16, nos EUA, em meio a uma ampla liquidação de papéis do setor tecnológico, após resultados decepcionantes da fabricante de equipamentos de chip ASML. A medida também afeta a Huawei, que é frequentemente acusada de ter vínculos com o governo e o exército chineses.
No ano passado, a CAC já havia proibido operadores domésticos de infraestrutura essencial de adquirir produtos da fabricante de chips de memória Micron Technology, após considerar que estes falharam na revisão de segurança de rede. Uma revisão semelhante dos produtos da Intel poderia impactar significativamente as receitas da empresa, que obtiveram mais de 25% de sua receita total da China no ano passado.

A Guerra dos Chips
As alegações surgem em um contexto em que a China enfrenta um esforço liderado pelos EUA para restringir seu acesso a equipamentos e tecnologias essenciais para a fabricação de chips avançados. Washington alega que essa é uma tentativa de interromper a modernização das forças armadas chinesas.
A CSAC alega que os chips da Intel, incluindo processadores Xeon utilizados em tarefas de IA, apresentam várias vulnerabilidades, e conclui que a Intel “possui grandes falhas em qualidade do produto e gerenciamento de segurança, demonstrando uma postura extremamente irresponsável em relação aos clientes”. A associação afirma que os sistemas operacionais incorporados em todos os processadores Intel são suscetíveis a backdoors criados pela Agência de Segurança Nacional dos EUA.
“A utilização de produtos da Intel representa uma grave ameaça à segurança das infraestruturas de informação críticas de países ao redor do mundo, incluindo a China”, afirmou a CSAC. Uma proibição, mesmo que temporária, poderia restringir ainda mais o fornecimento de chips de IA no mercado chinês, que já enfrenta dificuldades em encontrar alternativas viáveis aos produtos de ponta da Nvidia, que atualmente estão proibidos de entrar no país devido às novas políticas dos EUA no setor tecnológico.
Fonte: EuroNews/Reuters/ Bloomberg