Plano simples, metas mensais e narrativa territorial para transformar presença digital em capital político.
Uma campanha eleitoral não surge do nada em 45 dias. Na realidade, ela é fruto de um processo minucioso e estratégico que amadurece na chamada “pré-campanha”. É nesse período que se constrói a relevância do candidato, se apresentam provas de entrega e se cria uma mensagem sólida, capaz de conquistar eleitores em diferentes plataformas: redes sociais, rádio, imprensa e nas ruas.
O primeiro passo é um diagnóstico rápido e objetivo. Mapear os territórios, identificar as dores da população (como filas na saúde ou problemas nas estradas), e inventariar os pontos fortes do candidato. Essa análise, que funciona como um “raio-X”, resulta em um mapa de prioridades por região e define a audiência principal e os “influenciadores locais” que podem emprestar credibilidade à campanha.
Com o terreno conhecido, a equipe formula a “mensagem-mãe”, uma frase que resume a essência do candidato e sua missão. Essa mensagem é desdobrada em promessas claras, mensuráveis e auditáveis, como “recuperar X km de estradas” ou “destravar R$ Y em crédito rural”, para que se transformem em manchetes e sejam facilmente compreendidas pelo eleitor.
A partir daí, a pré-campanha entra na fase de “provas de trabalho”. Sem pedir votos, o candidato publica um calendário de entregas e audiências, sempre acompanhado de evidências em fotos, vídeos e gráficos que comprovem o trabalho realizado. Esses conteúdos são organizados em um portfólio público, facilitando o acesso da população e da imprensa.
A rotina é intensa e organizada:

- Operação editorial: Produção semanal de vídeos sobre propostas, boletins de plenário e conteúdos que conectam o campo e a cidade.
- Território digital: Captura de contatos e demandas via WhatsApp e formulários, organizando-os por região e tema para uma comunicação mais direcionada e útil.
- Ação nas ruas: A tradicional “viatura” de campanha se transforma em uma unidade móvel de serviços, com roteiros semanais para coletar dados e resolver demandas das comunidades.
Além disso, a pré-campanha é o momento de estruturar a gestão de risco. A equipe monta uma matriz de ataques com respostas prontas, um dossiê de integridade do candidato e um manual para responder a qualquer crise.
O artigo destaca que o foco deve estar em métricas que realmente importam, como o número de demandas resolvidas, a base de contatos ativos e a mídia espontânea. Métricas de vaidade, como seguidores e curtidas, são monitoradas, mas não são o objetivo final. O sucesso, segundo a matéria, depende de uma equipe enxuta, de uma agenda de trabalho organizada em ciclos semanais e de um foco implacável na clareza e na transparência.
Em 90 dias, o plano é simples: diagnóstico e mensagem nos primeiros 15 dias; primeiras evidências e ações nas ruas nos dias seguintes; e, nos últimos 30 dias, a rotina completa e o ajuste fino da estratégia. Uma pré-campanha profissional é sinônimo de disciplina, prova e clareza. Quando o eleitor entende quem é o candidato, o que ele entrega e como mede seus resultados, a largada da campanha não é uma promessa, mas sim a consolidação de um trabalho consistente.
Por Hosa Freitas
Jornalista, consultora e especialista em comunicação institucional. Atua há mais de 35 anos com posicionamento de marca, mídia espontânea e estratégias de reputação

















