Ibovespa sobe e dólar recua antes do tarifão de Trump; mercado aposta em possível conversa com Lula

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Com a tarifa de 50% dos EUA prestes a entrar em vigor, investidores observam sinais de diálogo entre os presidentes; exceções aliviam parte do impacto, mas incertezas seguem altas.

O mercado financeiro brasileiro começa a semana em clima de alívio parcial. Nesta segunda-feira (4), o Ibovespa opera em alta e o dólar em queda, numa reação direta à expectativa de que um diálogo entre os presidentes Lula e Donald Trump possa amenizar os efeitos da tarifa de 50% que os Estados Unidos impõem ao Brasil a partir da próxima quarta-feira (7).

O cenário, ainda instável, ganha nova camada de atenção após declarações dos dois líderes no fim de semana. Trump afirmou que está aberto a conversar e que “Lula pode ligar quando quiser”, enquanto integrantes do governo brasileiro indicaram disposição para o diálogo, mesmo após semanas de tensões diplomáticas e sinais trocados.

Apesar da tarifa de 50% ser confirmada por ordem executiva, o documento prevê cerca de 700 exceções para produtos estratégicos. Estão fora da lista, por exemplo, aeronaves da Embraer, suco de laranja, fertilizantes e alguns componentes industriais. A exclusão desses itens alivia, em parte, o impacto imediato sobre o setor exportador, embora a medida represente um gesto político contundente do presidente americano, especialmente num momento em que ambos os países enfrentam pressões eleitorais internas.

Ainda assim, a tensão persiste. O tarifão atinge não só produtos do agronegócio e da indústria, mas também a credibilidade do Brasil como parceiro confiável. E o timing político não ajuda: em meio ao recesso legislativo nos EUA e à volta dos trabalhos no Congresso brasileiro, qualquer avanço depende da disposição real de ambos os governos em transformar sinalizações públicas em ações diplomáticas concretas.

Do lado do mercado, a reação positiva desta segunda-feira parece refletir mais uma esperança de desescalada do conflito do que um consenso sobre o futuro da relação comercial. A lembrança recente de medidas semelhantes adotadas por Trump contra a China, a União Europeia e até a Suíça (com tarifas de até 39%) reforça o caráter imprevisível do tabuleiro geopolítico.

O governo brasileiro, por sua vez, trabalha nos bastidores para evitar que produtos como cacau e manga sejam incluídos na lista definitiva de tarifação, enquanto a carne bovina, com forte produção interna nos EUA, enfrenta maior resistência para ser poupada.

Neste cenário, investidores monitoram não só os desdobramentos comerciais, mas também a movimentação política e retórica dos próximos dias. O mercado já precifica parte do risco, mas a chance de uma conversa direta entre os presidentes, ou mesmo de um gesto simbólico, poderia gerar efeito imediato sobre o câmbio e os ativos de risco.

Por ora, a aposta é clara: há mais a perder com o confronto do que a ganhar com bravatas. E mesmo o mercado, acostumado a oscilar com ruídos, parece pedir um pouco mais de pragmatismo dos líderes em cena.

Fonte: RHC/Ibovespa

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