Após sete aumentos consecutivos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou por manter a taxa básica de juros, buscando consolidar o controle da inflação. Entenda os impactos na economia e no dia a dia dos brasileiros.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, fará sua próxima reunião nesta terça-feira (30/7) e quarta-feira (31/7) para discutir os rumos da taxa Selic e a situação econômica do Brasil. Na data da reunião, os membros do Comitê irão decidir se a taxa básica de juros aumenta, diminui ou se mantém estável.
O Que o Mercado Financeiro Espera
A expectativa predominante no mercado financeiro já era de manutenção da Selic em 15% ao ano nesta reunião. A Selic é referência para os demais juros da economia brasileira. O valor foi definido na última reunião do Copom, no dia 18 de junho. Na ocasião, a taxa foi aumentada em 0,25 ponto percentual.

Apesar de algumas incertezas, como as discussões sobre o “tarifaço” dos EUA, o mercado está de olho nos dados de inflação. As projeções do Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central com instituições financeiras, mostram uma redução nas expectativas para a inflação oficial (IPCA) em 2025, passando para 5,09%, e para 2026, para 4,44%. Embora ainda acima do teto da meta de inflação (4,5% para 2025), essa desaceleração é um fator que corrobora a decisão do Copom de manter a Selic estável por um “período bastante prolongado”.
Para o fim de 2025, a mediana das projeções para a Selic permanece em 15%. Já para o fim de 2026, a previsão central segue em 12,5%, indicando que o mercado antecipa um início de corte de juros no início de 2026.
O Impacto da Selic na Vida da População
A taxa Selic, sendo a taxa básica de juros da economia, exerce uma influência direta e indireta sobre o bolso de praticamente todos os brasileiros.
- Crédito e Consumo: Quando a Selic está alta, como agora, empréstimos e financiamentos ficam mais caros. Isso inclui desde o crédito pessoal e cheque especial (com juros médios que já superam 58% ao ano para pessoa física) até financiamentos de veículos e imóveis. O crédito mais caro desestimula o consumo e os investimentos, buscando conter a inflação ao “esfriar” a economia.
- Inflação e Poder de Compra: O principal objetivo da Selic alta é combater a inflação. Ao encarecer o crédito e desestimular o consumo, a demanda por produtos e serviços tende a diminuir, o que, em tese, pressiona os preços para baixo. Para a população, isso significa uma tentativa de preservar o poder de compra, evitando que os preços subam de forma descontrolada e corroem o valor do dinheiro. No entanto, o processo pode ser lento e, enquanto isso, o custo de vida continua alto.
- Investimentos: Para quem tem investimentos, especialmente em renda fixa (como CDBs, LCIs, LCAs, Tesouro Direto Selic e fundos DI), uma Selic alta é geralmente vantajosa, pois a rentabilidade desses produtos está ligada à taxa básica de juros. Isso pode tornar a renda fixa mais atrativa do que a renda variável (ações, por exemplo), já que oferece retornos mais seguros.
- Endividamento: O cenário de juros altos também contribui para o aumento do endividamento e da inadimplência entre famílias e empresas, pois o custo das dívidas cresce.
- Contas do Governo: A Selic alta impacta diretamente as contas públicas, pois o governo precisa pagar mais juros sobre a sua dívida. Isso pode significar menos recursos disponíveis para investimentos em áreas sociais, como educação, saúde e programas de transferência de renda.
Em resumo, a manutenção da Selic em 15% demonstra a cautela do Banco Central em sua luta contra a inflação, buscando consolidar os resultados já alcançados. Para a população, isso representa um cenário de crédito mais restrito e caro, mas com a perspectiva de um controle inflacionário que, a longo prazo, visa beneficiar a todos.
Fonte: RHC/Money Times/SAFRAS & Mercado/InfoMoney