Fazenda fala em até 65 mil empregos a menos com mitigação; sem contramedidas, perda estimada chegaria a 138 mil e -0,2 p.p. do PIB. Imprensa internacional vê “colchão” de isenções e redirecionamento de comércio que podem suavizar o choque, mas alerta para riscos setoriais e políticos.
A leitura dos principais veículos brasileiros converge: o “tarifaço” de 50% anunciado por Donald Trump sobre uma parte relevante das exportações brasileiras pressiona emprego e atividade, com maior dano na indústria. A Secretaria de Política Econômica (Fazenda) estima impacto “modesto” de -0,2 p.p. no PIB até 2026 sem mitigação e perda potencial de 138 mil vagas — número que cairia para cerca de 65 mil com o pacote de apoio (crédito, compras públicas, manutenção de emprego) lançado pelo governo.
Do lado externo, a cobertura ressalta nuances. Exclusões/isenções relevantes reduzem a tarifa efetiva média (estimada por casas privadas em ~31%), e parte das vendas pode ser desviada para outros mercados, o que tende a amortecer o choque macro, embora setores específicos (máquinas e equipamentos, eletrônicos, móveis, químicos, têxteis, suco de laranja e café) sigam vulneráveis.

No plano político, cresce a disputa no Congresso americano: senadores democratas tentam forçar votações para derrubar as emergências usadas por Trump como base legal das tarifas, o que adiciona volatilidade jurídica ao tema; ao mesmo tempo, a escalada tarifária aparece em uma agenda mais ampla de pressão geopolítica.
Onde há consenso entre análises:
- o dano imediato é desigual, concentrado em cadeias industriais intensivas em exportação aos EUA; 2) sem execução rápida das medidas de mitigação, o custo tende a ser maior; 3) os efeitos secundários (confiança, crédito, câmbio, investimento) podem ampliar perdas além do “número de vitrine” de empregos.
Onde há divergência:
• Tamanho do impacto agregado => parte da imprensa internacional e bancos vê resiliência macro por isenções e pelo espaço de realocação comercial (China/Ásia), enquanto projeções oficiais locais mantêm alerta para emprego e indústria.
• Persistência do choque => depende da trajetória política nos EUA (eventual reversão no Senado/Justiça) e da eficácia do Plano Brasil Soberano.
O tarifaço é negativo e exige resposta coordenada; porém, não é determinístico para o ciclo brasileiro se isenções perdurarem e a política de mitigação for bem executada. A fotografia é ruim; o filme ainda está sendo escrito.
Fone: Reuters/AP News/ Poder 360/InfoMoney
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