Trump tensiona comércio com Brasil, e governo oscila entre bravata e pragmatismo

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Dados fracos nos EUA reacendem chance de corte de juros, mas instabilidade política e guerra comercial geram cautela global; no Brasil, investidores acompanham Caged, ata do Copom e balanços de gigantes como Petrobras e Itaú.

A semana passada foi marcada por uma confluência densa de fatores, geopolítica incendiária, indicadores econômicos sensíveis e decisões de política monetária, que mantiveram os investidores em estado de alerta. No Brasil, o principal destaque veio do campo comercial. Donald Trump indicou abertura para conversar com Lula, à beira da entrada em vigor do tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras, previsto para esta quarta-feira. Apesar de alguns produtos estratégicos terem escapado, a situação segue instável. E, mais do que isso, há risco de comunicação. A resposta do governo brasileiro, que voltou a flertar com a retórica inflamada no fim de semana, pode escalar o impasse num momento em que o bom senso recomendaria contenção.

Nos Estados Unidos, o payroll muito abaixo do esperado reacendeu as apostas de corte de juros, com parte do mercado já precificando até três reduções ainda em 2025. A notícia veio junto da saída de Adriana Kugler do Fed, abrindo espaço para mais uma indicação de Trump ao comitê, e da controversa demissão da comissária do Bureau of Labor Statistics, Erika McEntarfer, após a divulgação dos dados, um gesto visto como interferência direta na tecnocracia econômica.

A agenda econômica da semana é mais esvaziada, com atenção voltada a dados de serviços nos EUA, à decisão de juros na Inglaterra e à balança comercial da China. A temporada de resultados corporativos caminha para o fim, com 29 empresas do S&P 500 ainda por divulgar seus números. Na Europa, os mercados tentam se recompor da forte queda da sexta-feira após o anúncio de novas tarifas pela Casa Branca. O fraco dado de emprego americano trouxe algum alívio ao reaquecer expectativas de corte de juros pelo Fed.

Na Ásia, a semana começou com mercados divididos: altas modestas em China e Hong Kong contrastaram com perdas no Japão, em um pregão morno, sem catalisadores locais. No geral, o pano de fundo segue instável. Mesmo os respiros do mercado parecem mais uma pausa tática do que um sinal de reversão.

No Brasil, a semana traz uma combinação de resultados corporativos relevantes e uma agenda política cada vez mais ruidosa. Entre os balanços, ganham destaque Petrobras, Itaú, Embraer e B3, que devem calibrar o humor do investidor. No campo dos indicadores, o Caged será divulgado hoje, após a taxa mínima de desemprego registrada na semana passada. Amanhã, a ata do Copom tende a reforçar a comunicação já conhecida, com pouca margem para surpresas.

Enquanto isso, Brasília retoma seus trabalhos em clima político deteriorado. O recesso terminou sem reconciliação entre Congresso e governo, após derrota do Legislativo imposta pelo STF. A pauta inclui votação da LDO e isenção do IR, em ambiente de tensão crescente entre os Poderes.

No front comercial, há expectativa de uma conversa entre Trump e Lula antes da entrada em vigor das tarifas. Seria uma chance de abrir diálogo e mitigar danos, mas o fim de semana trouxe mais barulho do que serenidade. Durante o encontro nacional do PT, em Brasília, Lula voltou a adotar tom provocador em relação aos americanos, retórica inadequada para o momento. Um novo pronunciamento em cadeia nacional pode novamente gerar sinais ambíguos ao mercado.

Nos bastidores, Fernando Haddad deve conversar com Scott Bessent, secretário do Tesouro americano, nos próximos dias. O governo brasileiro tenta excluir cacau e manga do tarifaço, enquanto a carne bovina tem menos chances de escapar, mas pode ter alíquota reduzida. No curto prazo, a popularidade de Lula subiu ligeiramente, mas a reprovação segue alta, com 40% de avaliação “ruim/péssimo” inalterados. Persistir na escalada comercial seria um erro estratégico. O dólar, inclusive, pode estourar em caso de retaliação sem coordenação.

Desde a semana passada, o mercado demonstra desconforto crescente com a possibilidade de um quarto mandato de Lula. Para 2026, nomes como Tarcísio de Freitas e Ratinho Jr. surgem como alternativas, mas o cenário está longe de definido.

Mercado agora (7h15)

  • Futuros S&P 500: +0,65%
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  • Hang Seng (HK): +0,92%
  • Nikkei (Japão): -1,25%
  • Brent: -1,16%, a US$ 68,86
  • Minério de ferro: +0,76%, a US$ 110,18 (Dalian)
  • EWZ (ações BR em NY): em alta no pré-mercado

Agenda do dia

  • 8h25 – Relatório Focus (Banco Central)
  • 14h30 – Caged de junho
  • Após o fechamento – Balanço da BB Seguridade
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