Após telefonema de 90 minutos, líderes dos EUA e China sinalizam retomada de diálogo para resolver impasses sobre tarifas e exportações de minerais críticos
Após uma reunião por telefone de 90 minutos, os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, sinalizaram uma nova etapa de negociações comerciais entre as duas maiores economias do mundo. A conversa ocorreu semanas após o acordo temporário firmado em 12 de maio, que estabeleceu uma trégua tarifária de 90 dias: os EUA reduziram as tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%, e a China, por sua vez, baixou suas tarifas de 125% para 10%.
Segundo a CBS News, Trump descreveu a conversa como ‘muito positiva’ e confirmou que as negociações serão conduzidas por sua nova equipe: o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o embaixador Jamieson Greer. Xi Jinping enfatizou, de acordo com a Al Jazeera, que é preciso eliminar “interferências e sabotagens” para que os avanços bilaterais prosperem.
No entanto, a Associated Press destacou que temas delicados como o comércio de fentanil, Taiwan e tecnologia não foram tratados na conversa, sinalizando que os impasses estruturais continuam.
Para analistas da Bloomberg, o estilo direto e pessoal de Trump não surte efeito com um líder como Xi, que se orienta por estratégias de longo prazo. A mesma agência alerta ainda para o risco inflacionário das tarifas, que podem prejudicar a economia americana no médio prazo. A CNN acrescenta que o acordo é visto como uma trégua instável, sem garantias de avanços reais, e que a instabilidade da diplomacia americana enfraquece sua posição geopolítica.
Michael McFaul, ex-embaixador dos EUA na Rússia e professor da Universidade de Stanford, afirmou em entrevista à CNN que a postura errática da política externa sob Trump favorece a ascensão da China como mediadora e potência global em ambientes multilaterais.
Análise: o que dizem os especialistas americanos sobre a retomada do diálogo?
Embora o tom da conversa entre Trump e Xi Jinping tenha sido positivo, analistas políticos e econômicos dos EUA expressaram ceticismo quanto à eficácia e profundidade do acordo comercial.
1. Estilo de Trump não funciona com Xi
De acordo com a Bloomberg, o estilo de negociação “homem a homem” adotado por Trump é considerado ineficaz com o presidente chinês, que opera em dinâmicas mais formais e estratégicas. Ex-assessores da Casa Branca alertam que Xi não responde bem a acordos improvisados.
2. Tarifas podem reacender a inflação
Economistas alertam que as tarifas elevadas impostas recentemente podem ter efeito contrário ao desejado, aumentando preços internos e afetando o consumo nos EUA — especialmente no setor de alimentos, tecnologia e importados básicos.
3. Acordos temporários são frágeis
A trégua comercial é vista como paliativa. Analistas temem que as tensões ressurgirão em temas mais delicados como Taiwan, fentanil, cibersegurança e subsídios a minerais críticos.
4. Política externa desequilibrada
Michael McFaul, ex-embaixador dos EUA, critica a política externa de Trump por enfraquecer alianças históricas e, assim, abrir espaço para a China ampliar sua influência global — o que pode ser decisivo em um cenário de “Nova Guerra Fria”.
Fonte: HC/Fonte: bloomberg/cbsnews.com/ apnews.com/The New York Times e The Washington Post
