Os investidores globais aguardam ansiosamente os principais dados da semana, marcados para quinta-feira (inflação nos EUA). No Brasil, é relevante notar que também teremos o aguardado IPCA de dezembro no mesmo dia. Até lá, temos que nos contentar com uma agenda menos impactante, composta por discursos de autoridades monetárias no exterior, desafios políticos em Brasília e dados da balança comercial americana. Nesse cenário, os mercados da Ásia e do Pacífico registraram ganhos nesta terça-feira, enquanto os futuros americanos enfrentam alguma pressão nesta manhã.
Os europeus também enfrentam desafios, absorvendo a notícia da queda mais acentuada do que o esperado na produção industrial alemã em novembro e a renúncia da primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, abrindo espaço para uma reforma ministerial no governo de Macron. Pelo menos algumas commodities estão se recuperando hoje, como evidenciado pelo aumento nos preços do barril de petróleo após a queda de ontem, proporcionando um tom minimamente mais positivo entre os ativos locais.
Prévia da inflação
IPCA-15 de dezembro é de 0,40% e fecha 2023 com alta de 4,72%
A prévia da inflação ficou em 0,40% em dezembro, 0,07 ponto percentual (p.p.) maior que a de novembro, quando variou 0,33%. O resultado foi, em grande parte, influenciado pelo grupo de Transportes, com alta de 0,77% e impacto de 0,16 p.p. no índice geral, e puxado pelas passagens aéreas, que subiram 9,02% e exerceram o maior impacto individual no mês (0,09 p.p.). Em 2023, esse subitem acumulou alta de 48,11%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi divulgado hoje (28) pelo IBGE.
No ano, o resultado do IPCA-15 foi de 4,72%. O IPCA-E, que se constitui no IPCA-15 acumulado trimestralmente, ficou em 0,94% para o período de outubro a dezembro. Já em dezembro de 2022, o IPCA-15 registrou alta de 0,52%, enquanto no acumulado do ano de 2022, a prévia da inflação havia sido de 5,90%.
Entre os nove grupos pesquisados, sete registraram alta em dezembro. O grupo de Transportes foi responsável pela maior variação (0,77%) e o maior impacto (0,16 p.p.). Contribuiu para esse resultado a passagem aérea, que subiu 9,02% e teve o maior impacto individual no índice do mês (0,09 p.p.).
Além disso, destacam-se os subitens: táxi, que apresentou alta de 0,83% devido ao reajuste de 6,67% em São Paulo (2,80%), a partir de 28 de outubro; ônibus urbano (1,91%), influenciado pelo reajuste de 6,12% em Salvador (5,69%), a partir de 13 de novembro; e trem, metrô, ônibus urbano e integração de transporte público, com alta de 6,67% em São Paulo, que haviam registrado queda de 6,25% em novembro, em decorrência da gratuidade concedida nos transportes metropolitanos para toda a população nos dias de realização das provas do ENEM.
Por outro lado, nos combustíveis (-0,27%), houve queda nos preços do óleo diesel (-0,75%), do etanol (-0,35%) e da gasolina (-0,24%), enquanto o gás veicular (0,08%) registrou alta.
Em Alimentação e bebidas, que apresentou alta de 0,54% e impacto de 0,12 p.p., a alimentação no domicílio subiu 0,55% em dezembro, influenciada, em grande parte, pela alta em itens básicos na alimentação das famílias, como a cebola (10,63%), a batata-inglesa (10,32%), o arroz (5,46%) e as carnes (0,65%). Por outro lado, o tomate (-7,95%) e o leite longa vida (-1,91%) caíram de preços.
Já a alimentação fora do domicílio (0,53%) acelerou em relação ao mês de novembro (0,22%). Tanto a refeição (0,46%) quanto o lanche (0,50%) tiveram variações superiores às observadas no mês anterior (0,22% e 0,35%, respectivamente).
Em Habitação, que registrou variação de 0,48% e impacto de 0,07 p.p., a energia elétrica residencial subiu 0,82%, com influência de reajustes aplicados em quatro áreas de abrangência da pesquisa: de 5,91% em Goiânia (2,97%), a partir de 22 de outubro; de 6,79% em uma das concessionárias pesquisadas em São Paulo (1,66%), a partir de 23 de outubro; de 9,65% em Brasília (1,35%), a partir de 22 de outubro; e de -1,41% nas tarifas de uma das concessionárias pesquisadas em Porto Alegre (0,59%), a partir de 22 de novembro.
Já a alta da taxa de água e esgoto (1,43%) foi influenciada pelos seguintes reajustes tarifários: de 14,43% em Fortaleza (6,28%), a partir de 29 de outubro; de 10,23% no Rio de Janeiro (10,23%), a partir de 8 de novembro e que não havia sido incorporado no IPCA-15 de novembro; de 15,76% em Belém (9,21%), a partir de 28 de novembro; e de 4,97% em uma das concessionárias pesquisadas em Porto Alegre (1,15%), a partir de 1º de dezembro.
O gás encanado (0,47%) também apresentou alta por conta do reajuste médio de 0,98% no Rio de Janeiro (0,54%) a partir de 1° de novembro e de 3,30% em São Paulo (0,55%) a partir de 10 de dezembro.
Os outros grupos registraram os seguintes resultados: Despesas pessoais, variação de 0,56% e impacto de 0,06 p.p.; Saúde e cuidados pessoas, variação de 0,14% e impacto de 0,02 p.p.; Educação, variação de 0,05% e impacto de 0,00 p.p.; Vestuário, variação de 0,03% e impacto de 0,00 p.p.; Comunicação, variação -0,46% e impacto -0,02 p.p.; e Artigos de residência, variação de -0,15% e impacto de -0,01 p.p.
Fortaleza e Goiânia registram maiores avanços e Recife, o maior recuo
Quanto aos índices regionais, nove áreas tiveram alta em dezembro. As maiores variações foram registradas em Fortaleza e Goiânia, ambas com 0,77%. Nos dois casos, a principal contribuição para a alta veio da gasolina, com variações de 6,48% e 2,33%, respectivamente. Já o menor resultado ocorreu em Recife (-0,26%), que apresentou queda nos preços da gasolina (-4,66%).
Mais sobre a pesquisa
Para o cálculo do IPCA-15, a metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica. Os preços foram coletados no período de 15 de novembro a 14 de dezembro (referência) e comparados com aqueles vigentes de 14 de outubro a 14 de novembro (base).
O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. Veja os resultados completos no Sidra. A próxima divulgação do IPCA-15, referente a janeiro, será no dia 26 do mês que vem.