Conflito no Oriente Médio aumenta a volatilidade global e pressiona a cadeia de suprimentos agrícolas brasileira
O novo capítulo do conflito no Oriente Médio envolvendo Israel, Irã e Estados Unidos elevou a temperatura dos mercados globais nesta segunda-feira (23). A tensão geopolítica aumentou a procura por ativos considerados seguros e provocou volatilidade nos preços do petróleo e de commodities estratégicas, como fertilizantes nitrogenados.
O impacto direto se refletiu nos preços do petróleo: o barril do tipo Brent subiu mais de 4% nas primeiras horas do pregão, embora tenha recuado levemente ao longo do dia, está sendo negociado a cerca de US$ 72,50. Já o petróleo WTI também chegou a subir fortemente, com investidores reagindo à possibilidade de novos ataques e fechamento do Estreito de Hormuz que é uma rota crítica para o comércio global de energia.
Enquanto isso, os investidores buscam refúgio no dólar e em títulos do Tesouro norte-americano. O índice S&P 500 teve uma leve alta intradiária (+0,6%), refletindo a resiliência de setores defensivos e empresas de energia.
Brasil: olho nos fertilizantes
Além da pressão no preço dos combustíveis, o Brasil pode ser duramente afetado por outro efeito colateral da crise: o fornecimento de fertilizantes, especialmente a ureia. O Irã é responsável por cerca de 20% a 30% das importações brasileiras desse insumo essencial para o agronegócio.
Os preços da ureia já apresentam alta de quase 20% nas últimas semanas, segundo análise da consultoria StoneX. Isso acende o alerta para os produtores que ainda não realizaram suas compras.
“Embora os impactos sobre os preços da ureia no Brasil ainda não estejam completamente definidos, o momento não é favorável para os compradores, especialmente os que ainda não realizaram suas aquisições”, alerta Tomás Pernías, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Uma escalada prolongada do conflito pode comprometer o abastecimento da safra 2025/2026 e levar à disparada dos custos de produção rural, como já ocorreu durante a guerra na Ucrânia. O momento exige atenção redobrada dos produtores, cooperativas e empresas de trading.
Riscos e oportunidades
Apesar do cenário desafiador, há espaço para ganhos em setores específicos. A alta do petróleo beneficia exportadores como Petrobras e produtores de etanol. Já empresas de defensivos agrícolas e transportadoras podem ter oportunidades com a valorização dos seus serviços em um ambiente de escassez.
Na contramão, a volatilidade cambial e a pressão nos insumos devem atingir em cheio pequenas e médias empresas do agronegócio, que têm menos margem de manobra para repassar custos.
O que esperar nos próximos dias
Os mercados seguirão atentos a qualquer movimento militar na região. O fechamento do Estreito de Hormuz, ainda que parcial, poderá levar o petróleo para patamares acima de US$ 100 por barril, com efeitos imediatos sobre inflação, juros e crescimento global.
No Brasil, o momento exige monitoramento atento da cadeia logística de insumos e uma postura preventiva por parte de produtores, cooperativas e empresas de trading.
Como os mercados estão reagindo
1. Mercados dos EUA e petróleo
- O S&P 500 recuperou e está +0,6% no intraday, assim como o Nasdaq e Dow mostrando ligeiro avanço após a recente entrada dos EUA no conflito.
- O petróleo subiu inicialmente por volta de 4%, mas logo corrigiu: o WTI recuou cerca de 5%, caindo para US$70/barrel, enquanto o Brent caiu ~3,9% para US$72,5.
2. Investidores buscando porto-seguro
- Com a incerteza, houve aumento na procura pelo dólar e títulos de US Treasuries como proteção.
3. Mercados latino-americanos
- Ativos LATAM em pressão: moedas da região e índices locais recuaram (Latin American stocks -0,8%, moedas -0,2%).
- Mas para países produtores como Brasil, Colômbia e Equador, a alta no petróleo pode ser positiva; embora o efeito seja apenas moderado segundo analistas.
4. Commodities brasileiras — fertilizantes
- O conflito tem afetado mesmo os fertilizantes, especialmente a ureia. O Irã é responsável por ~20–30% das importações brasileiras deste insumo; interrupções podem comprometer o ciclo 2025/2026.
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