Mercados respiram alívio com trégua mediada por Trump, mas acusações de violações e ameaça de retomada de ataques mantêm alerta ligado
Os mercados internacionais começaram esta terça-feira (24) em alta após o anúncio de um cessar-fogo entre Israel e Irã, mediado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A trégua momentânea trouxe alívio imediato aos investidores, refletido na queda dos preços do petróleo e no avanço das bolsas na Ásia, Europa e Estados Unidos. No entanto, novos episódios de instabilidade foram registrados nesta manhã e mantêm o alerta geopolítico aceso.
De acordo com informações oficiais, apesar do anúncio de cessar-fogo feito na noite anterior, Israel acusa o Irã de ter retomado ataques com mísseis nas primeiras horas do dia (horário de Brasília). Em resposta, o governo israelense anunciou que vai retaliar os ataques, reacendendo temores sobre a fragilidade do acordo. Trump, por sua vez, voltou a se pronunciar, pedindo que ambos os lados “respeitem o que foi negociado” e afirmou que novas provocações poderiam prejudicar a estabilidade internacional.
O impacto da trégua, no entanto, já foi sentido nos mercados. O petróleo tipo Brent caiu 4,6%, chegando a US$ 68,20 o barril, enquanto o WTI recuou 4,7%, atingindo US$ 65,30. A queda nos preços da commodity energética reflete a redução temporária do risco de fechamento do Estreito de Hormuz, uma das principais rotas globais de exportação de petróleo. O movimento também impulsionou ações de companhias aéreas e setores sensíveis ao custo do combustível.
A valorização das bolsas globais nesta terça também foi influenciada por fatores internos em algumas economias, como a ata da última reunião do Copom no Brasil, que elevou a taxa Selic para 15% ao ano, e a expectativa sobre os próximos passos do Federal Reserve nos Estados Unidos. Para muitos analistas, a queda no petróleo pode abrir espaço para políticas monetárias menos agressivas, caso a trégua no Oriente Médio se sustente.
No entanto, o cenário ainda é incerto. Especialistas apontam que o cessar-fogo entre Israel e Irã é frágil e depende de múltiplos fatores externos, incluindo interesses militares e geopolíticos mais amplos. Além disso, os efeitos indiretos da crise, como aumento de tensões na região, escalada de retaliações pontuais e instabilidade cambial, seguem no radar de bancos centrais e investidores institucionais.
A diplomacia liderada por Trump foi recebida com ceticismo por parte de aliados europeus, que consideram a mediação “improvisada” e baseada em interesses eleitorais e comerciais. Ainda assim, a sua influência na política externa norte-americana segue forte, especialmente em temas de alto impacto como Oriente Médio e China.
Para os mercados, o dia é de respiro — mas a calma ainda é frágil. O comportamento do petróleo nas próximas 48 horas e as declarações oficiais dos governos envolvidos serão fundamentais para definir o ritmo da semana.