Ata divulgada nesta terça-feira mostra que o Banco Central não prevê novos aumentos, mas seguirá com juros elevados diante da inflação ainda fora da meta
Na ata divulgada nesta terça-feira (24), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central confirmou o que o mercado financeiro já suspeitava: não há previsão de novo aumento da Selic, mas a taxa de 15% ao ano deverá permanecer elevada por mais tempo do que o estimado anteriormente. O objetivo, segundo o colegiado, é garantir a convergência da inflação, que continua acima da meta.
O documento reforça que a decisão de manter juros elevados é necessária diante da persistência das expectativas inflacionárias desancoradas. O Copom reconhece que os efeitos das últimas altas ainda não foram totalmente absorvidos pela economia, mas afirma que uma postura monetária restritiva será mantida enquanto for preciso.
“A conjuntura demanda serenidade e perseverança”, afirma o texto da ata, sinalizando que o ciclo de aperto monetário pode ter chegado ao fim, mas que não há espaço para cortes no curto prazo.
O que diz o mercado
A leitura da ata foi considerada menos agressiva do que o esperado. Para analistas de grandes bancos, como Itaú, XP, Bank of America e Citi, o documento indica que o BC não pretende subir ainda mais os juros, mas também não vai ceder tão cedo.
O Bank of America já projeta uma Selic de 14,25% no fim de 2025, com início de cortes apenas em 2026. Para o Itaú e a XP, os efeitos das medidas contracionistas devem ser avaliados ao longo dos próximos trimestres. O Citi ressalta que a autoridade monetária segue vigilante quanto ao cenário externo, incluindo riscos fiscais e geopolíticos.
Inflação segue fora da meta
Apesar da desaceleração pontual no IPCA, o Banco Central reforçou que as expectativas para 2025 e 2026 ainda estão acima do centro da meta de 3%, o que justifica a manutenção do atual patamar da Selic.
Além disso, a ata cita que eventos como o conflito entre Irã e Israel, a volatilidade nos preços de commodities e incertezas fiscais internas continuam no radar do Comitê.
Impactos para o consumidor e o crédito
A manutenção da Selic em 15% representa um freio ao consumo e dificulta a retomada de setores dependentes de crédito, como o varejo e a construção civil. Também pressiona o endividamento das famílias, que já lidam com altas taxas em empréstimos, financiamentos e rotativo do cartão de crédito.
Com os juros em níveis historicamente elevados, o Copom espera enviar um sinal claro ao mercado: o compromisso com o controle da inflação é prioritário, mesmo que o custo da política seja alto no curto prazo.
Fonte: JHC/BC